📅 Publicado em 30 de Outubro de 2025
🏷️ Tags: liberdade, democracia, Portugal, censura, direitos civis
📂 Categoria: Sociedade e Estado

"Quando o medo cala as vozes, o poder descansa em paz."
— Augustus Veritas Lumen

O Silêncio Fabricado: Como Portugal Perdeu a Voz

Rosto de uma pessoa com fita adesiva sobre a boca — símbolo do silêncio imposto

Imagem simbólica — o país que aprendeu a sussurrar

📊 Caixa de Factos:
• Segundo o World Justice Project 2025, 70% dos países registaram uma redução das liberdades cívicas.
• Portugal encontra-se entre os que mais recuaram na liberdade de expressão e na participação cívica.
• O Índice global mede o respeito pelo Estado de Direito, transparência e direitos fundamentais.
• Fonte: World Justice Project — Rule of Law Index 2025

Portugal voltou a ser notícia — mas não pelas razões que honram a História. O relatório do World Justice Project aponta o país como um dos que recuaram na liberdade de expressão e participação cívica, pilares essenciais de qualquer democracia viva. A ironia é amarga: celebramos eleições, mas já tememos palavras.

O silêncio tornou-se confortável. Nas redações, há autocensura; nas escolas, há prudência; nas redes, há medo. O cidadão comum já aprendeu o novo verbo do regime: calar-se. Não por imposição directa, mas por exaustão, por descrença, por fadiga moral. Assim se fabrica o silêncio — não com tanques, mas com tédio.

O Estado de Direito não cai de um dia para o outro; evapora-se, gota a gota. Cada direito renunciado, cada opinião reprimida, cada protesto ignorado, constrói um muro invisível à volta da consciência colectiva. E quando o povo desperta, já vive dentro da cela e chama-lhe normalidade.

Portugal vive hoje um paradoxo: a liberdade formal existe, mas a liberdade interior — essa que nasce do exercício constante da crítica — está a desaparecer. Vivemos entre o medo do cancelamento e o cansaço da impotência. Um país que antes navegou mares revoltos, hoje teme uma onda de opinião.

Há, porém, uma esperança que nunca morre: a palavra insubmissa. Enquanto houver quem escreva, questione e recuse o silêncio, ainda existirá Portugal — não o do marketing institucional, mas o da alma indomável que um dia acreditou no impossível.


Crónica de Francisco Gonçalves — Série "Contra o Teatro da Mediocridade"

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