A Dívida Eterna de Portugal : Quando o Estado Rende Homenagem ao Ladrão

🏷️ Tags: corrupção, finanças públicas, Parvalorem, BPN, impunidade
📂 Categoria: Corrupção e Estado
"De todos os assaltos cometidos contra o povo, o mais cruel é aquele que se mascara de resgate."
— Augustus Veritas Lumen
O Roubo dos Contribuintes: A Eternidade do Caso BPN
Imagem simbólica — o saque institucionalizado
• O ex-BPN já custou 6 mil milhões de euros aos contribuintes portugueses.
• A sociedade pública Parvalorem ainda deve ao Estado 5 mil milhões de euros.
• O Estado tem emprestados 9,9 mil milhões de euros a várias empresas públicas, com a Parvalorem responsável por mais de metade.
• Fonte: Orçamento de Estado 2026 (via DN / Luís Reis Ribeiro).
Há roubos discretos e há assaltos com pompa e circunstância. O caso BPN pertence à segunda categoria — o assalto perfeito, aquele que se eterniza nas contas públicas e na consciência colectiva, como uma ferida que o tempo não fecha. O banco ruiu, mas o seu eco financeiro continua a vibrar nos impostos de cada português que ousa acreditar que o Estado existe para o servir.
O BPN foi o espelho de um país onde a ganância se travestiu de competência e a corrupção de gestão estratégica. Quando o escândalo rebentou, o Estado — isto é, todos nós — correu a salvar o navio dos náufragos dourados. Hoje, os capitães reformados continuam a brindar ao champanhe da impunidade, enquanto o povo paga, em silêncio, as prestações da vergonha nacional.
A Parvalorem, essa invenção burocrática para gerir o espólio tóxico do banco, transformou-se num buraco negro orçamental. Os seus relatórios falam em "recuperação de ativos", mas o povo reconhece o velho perfume da mentira: é o mesmo armazém de dívidas e favores políticos, embrulhado em papel timbrado e pago a peso de ouro.
O Estado chama-lhe "gestão de dívida pública". Mas o nome correcto seria outro: "administração da vergonha crónica". Porque o BPN não é apenas um episódio financeiro — é um símbolo nacional, um monumento à hipocrisia dos poderosos que transformaram o erário em cofre pessoal.
Hoje, décadas depois, continuamos a pagar o preço do "milagre financeiro" que prometia prosperidade. Pagamos com hospitais sem médicos, escolas degradadas e impostos sem retorno. O dinheiro desapareceu nos corredores de um poder que ainda se disfarça de democracia, mas que há muito se vendeu ao lobby da impunidade.
O BPN é, afinal, o retrato do país inteiro: uma república remendada, que premeia o oportunista e castiga o honesto. E enquanto o contribuinte se curva ao peso da dívida, o crime continua a jantar à mesa do poder, brindando à eternidade da mediocridade.
Crónica de Francisco Gonçalves — Série "Contra o Teatro da Mediocridade"