PORTUGAL, NAÇÃO REFÉM — ANATOMIA DE MEIO SÉCULO DE COBARDIA POLÍTICA

Por Francisco Gonçalves • Série "Contra o Teatro da Mediocridade"

Portugal é um país suspenso no tempo. Um corpo adormecido, vegetando num leito de promessas quebradas, anestesiado por décadas de incompetência e cobardia política. Meio século depois da liberdade, continuamos reféns de uma alternância fraudulenta: PS e PSD — duas faces da mesma máscara que há 50 anos governa para si, e não para o país.

O Sistema que Sobrevive da Mediocridade

Enquanto as nações que enfrentaram o século XXI com visão e coragem modernizaram o Estado, investiram em educação e inovação, nós optámos por conservar o entulho burocrático, o carreirismo e a corrupção institucionalizada. Cada governo chega prometendo reformas, mas todos acabam capturados pela mesma teia de interesses, pelo mesmo conforto partidário, pela mesma falta de espinha dorsal.

Portugal não tem um problema de povo — tem um problema de poder. A mediocridade é o cimento que une a classe política: ninguém quer mudar o que lhes garante lugares, tachos e privilégios. Assim, o país definha, não por falta de talento, mas por excesso de cobardes com cartão partidário.

Estado, SNS e Educação — Três Colunas em Ruína

O Estado tornou-se um labirinto de inutilidades: departamentos que nada fazem, assessores que nada sabem, diretores-gerais que sobrevivem como fósseis administrativos. O **SNS**, outrora orgulho nacional, está reduzido a um sistema em agonia — médicos exaustos, utentes desesperados, e governos que só reagem com powerpoints e conferências de imprensa. E a **Educação**, essa, foi sacrificada no altar da ignorância organizada: currículos ocos, professores desmotivados, e uma juventude programada para decorar, não para pensar.

Corrupção: o Cancro com Sede de Poder

A corrupção não é um acidente — é um modo de governo. A fuga aos impostos é endémica, o tráfico de influências é institucional, e a impunidade é o sistema operativo do regime. Portugal tornou-se uma democracia de verniz: por fora brilha, por dentro apodrece. E cada escândalo que passa sem punição é uma pá de cal sobre a esperança de um país decente.

A Raiva dos Lúcidos

Sim, há quem ainda sinta raiva — e bem. Raiva porque ama o país e não aceita vê-lo afundar-se na lama da incompetência. Raiva porque vê a corrupção triunfar e o mérito exilar-se. Raiva porque o futuro está a ser vendido a retalho por políticos sem visão e sem vergonha.

Essa raiva é o último sinal de vida de uma nação que ainda respira — é a centelha de quem não se conforma, de quem acredita que o país pode renascer, se um dia o povo acordar do transe e exigir mais do que slogans.

Entre a Esperança e o Abismo

Portugal precisa de líderes, não de gestores de interesses. Precisa de coragem, não de calculismo. Precisa de ética, não de marketing. Enquanto o medo governar e a mediocridade ditar as regras, o país continuará a rastejar sob a sombra dos mesmos partidos, das mesmas promessas e das mesmas mentiras.

Mas um dia — quando a paciência popular se esgotar — virá o tempo em que o povo deixará de votar em quem o trai, e exigirá a refundação da democracia. Nesse dia, Portugal deixará de ser uma nação refém e voltará a ser uma nação livre.

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