A Sagrada Aliança da Familia da Mafia : Banca, Poder e Imunidade

🧩 Box de Factos
- 📅 Data: Outubro de 2025
- 🏦 Caso: Montepio Geral / Finibanco Angola
- 👔 Envolvidos: Tomás Correia e dois ex-gestores do Finibanco Angola
- 💰 Acusação: Abuso de confiança e branqueamento de capitais
- 📉 Prejuízo estimado: 30 milhões de euros
- ⚖️ Estado atual: Acusação formal do Ministério Público — julgamento pendente
Os Cofres que Sangram e os Juízes que Dormem
"Entre cofres e colarinhos brancos, há quem roube com luvas de seda e quem pague sem as ter."
A tragédia financeira com cheiro a comédia
O caso Montepio volta a abrir as feridas purulentas da banca portuguesa. Tomás Correia, antigo líder, e dois ex-gestores do Finibanco Angola foram acusados de abuso de confiança e branqueamento de capitais, causando, segundo o Ministério Público, um prejuízo de cerca de 30 milhões de euros. Mas o povo já adivinha o final: longos processos, prazos prescritos, culpas difusas — e nenhuma cela a ranger.
O teatro da impunidade
Os banqueiros portugueses parecem viver num universo paralelo, onde a justiça é feita de veludo e o castigo é opcional. Enquanto o cidadão comum responde por tostões em dívida, os senhores do capital desfrutam do benefício da dúvida — e de bons advogados pagos com o dinheiro dos próprios bancos.
É a velha farsa nacional: o crime veste fato italiano, o juiz adia, o povo paga. E o sistema continua a rodar, bem oleado pelo silêncio e pela conivência.
A banca como metáfora de um país cansado
O caso Montepio é mais do que um escândalo financeiro: é um espelho da nossa fragilidade institucional. O Estado protege quem o saqueia e pune quem ousa exigir justiça. Entre a ironia e a tragédia, resta-nos a amarga certeza de que Portugal é um país onde a moral tem conta offshore.
"A justiça pisa em ovos, mas o povo pisa em lama. E a banca continua o seu banquete — servida à mesa da nação."
E nós, espectadores ou cúmplices?
Podemos continuar a assistir em silêncio, como figurantes cansados de um teatro repetido, ou exigir que a cortina caia. Porque a tragédia não é só deles — é nossa, colectiva, diária e silenciosa.
Escrito por Francisco Gonçalves — publicado em Fragmentos do Caos.
Série: Contra o Teatro da Mediocridade