O Economista e o Disfarce — Quando as Poupanças se Escondem nas Sombras

Box de Factos:
Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças e atual comissária da União das Poupanças e dos Investimentos, afirmou recentemente que as poupanças estão "paradas nos bancos há demasiado tempo" e defendeu mais opções de investimento para os cidadãos.
Fonte: Correio da Manhã

Ah, Maria Luís Albuquerque a falar de "poupanças paradas" — há ironias que nem o mais hábil cronista ousaria inventar. Enquanto nos convida a pôr o dinheiro a "trabalhar", o verdadeiro capital, esse sim, descansa serenamente em offshores tropicais, longe dos impostos e da moral pública.

Milhões — por vezes bilhões — viajam por fundos anónimos, contas fiduciárias e paraísos fiscais onde a lei é apenas uma sugestão. E depois, os mesmos que alimentam este sistema vêm dar lições de "educação financeira" aos cidadãos que mal conseguem equilibrar o orçamento familiar.

As poupanças estão paradas? Não, cara economista. O que está parado é o país. O povo não investe porque não sobra nada para investir. O salário evapora-se em rendas, energia, combustíveis e impostos. E o que resta, o banco come em taxas e comissões.

Enquanto isso, as grandes fortunas multiplicam-se num mundo paralelo de trusts, holdings e contas discretas, alimentadas pelo mesmo sistema que se diz preocupado com o "pequeno aforrador". É uma comédia, se não fosse uma tragédia.

Fala-se de "mobilizar a poupança nacional" — mas o que o discurso realmente quer dizer é: tragam o vosso dinheiro para o casino financeiro, para que os mesmos de sempre possam continuar a jogar com ele.

Portugal é um país onde se moraliza o pobre e se absolve o rico. Onde o cidadão é responsabilizado por não investir, enquanto o capital foge impune pelos cabos de fibra óptica que atravessam o Atlântico.


A verdadeira poupança está escondida — não nos cofres dos bancos, mas nas sombras dos paraísos fiscais.

— Francisco Gonçalves / Fragmentos do Caos

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