Carta a uma Mãe que o Tempo Esqueceu Fragmentos do Caos Uma carta poética e comovente a uma mãe envelhecida, onde o amor resiste à erosão da memória e do tempo.

BOX DE FACTOS

  • Uma carta escrita entre o amor e o silêncio.
  • A ternura como resistência ao esquecimento.
  • Um filho diante da fragilidade do tempo.

Carta a uma Mãe que o Tempo Esqueceu

Quando a memória se apaga, o amor transforma-se em presença. E o silêncio passa a ser a mais profunda forma de dizer "estou aqui".

Há sempre um instante, mãe, em que o silêncio me fere mais do que qualquer palavra. Olho-te, sentada no teu lugar habitual, e vejo o tempo a pousar-te nos ombros como uma ave cansada. Os teus olhos, outrora faróis da minha infância, agora perdem-se em mares sem nome. E eu fico ali, preso entre o desejo de te chamar de volta e a serenidade de aceitar o que já não pode regressar.

Queria poder fazer mais, mãe — arrancar-te à névoa que te abraça, devolver-te as memórias que se desvanecem como folhas ao vento. Mas o amor, esse, ainda vive em ti — sinto-o no leve aperto da tua mão, no esboço do teu sorriso quando me reconheces por um breve segundo.

Não há culpa que caiba num coração que amou. Há apenas esta saudade viva, esta ternura que insiste em permanecer. Tu deste-me tudo: o pão e o sonho, a coragem e o medo, a raiz e a asa. Agora é o meu tempo de te guardar, de te agradecer em silêncio, de te amar não com palavras, mas com presença.

Mesmo que o mundo te fuja, mãe, eu fico. Fico com o eco da tua voz no meu sangue, com o teu nome aceso dentro de mim como uma luz antiga. E prometo — enquanto me for dado o sopro da vida — que nunca te deixarei sozinha no esquecimento do tempo.

❤️ Por: Francisco Gonçalves
2025 — Fragmentos do Caos
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