BOX DE FACTOS

  • Donald Trump exige que a Ucrânia aceite um plano de paz até ao Dia de Ação de Graças.
  • O plano implica cedências territoriais à Rússia e neutralização militar da Ucrânia.
  • Zelensky afirma estar "entre perder a dignidade ou perder um parceiro essencial".
  • A proposta norte-americana alinha objectivamente com os interesses estratégicos do Kremlin.
  • A Europa observa em silêncio enquanto a ordem pós-Segunda Guerra Mundial se desmorona.

TRUMP E A CAPITULAÇÃO FORÇADA DA UCRÂNIA:
O DIA EM QUE A DIPLOMACIA MORREU

A Casa Branca transformou a dor de um povo numa meta administrativa com prazo curto: "aceitem até ao Dia de Ação de Graças". Nunca o cinismo político foi tão transparente, nem a humilhação de uma nação tão fria e tão calculada.

Há momentos na História em que a diplomacia abandona a sua máscara e se revela pelo que realmente é: poder cru, interesses estratégicos e vidas sacrificadas no altar das conveniências geopolíticas. A pressão que Donald Trump exerce sobre a Ucrânia para aceitar um "acordo de paz" antes do Dia de Ação de Graças é um desses momentos — um instante sombrio em que a democracia americana renuncia ao seu papel de farol moral e se ajoelha perante os interesses do Kremlin.

Um Plano de Paz Que Não É Paz

Chamemos as coisas pelo nome. A proposta que Washington quer impor a Kiev não é um acordo de paz. É uma rendição mascarada. Significa:

  • cedência de território soberano à Rússia,
  • desmilitarização parcial da Ucrânia,
  • renúncia à entrada na NATO,
  • aceitação da violência como facto consumado.

É a velha política do "aceita e cala-te" — agora reciclada com carimbo americano. E é também o sonho antigo de Moscovo: transformar a Ucrânia num Estado subordinado, sem capacidade de se defender, dependente da boa vontade de um agressor.

Zelensky Entre a Humilhação e o Abismo

Volodymyr Zelensky descreveu o dilema de forma devastadora: perder a dignidade ou perder o único parceiro militar capaz de impedir a extinção nacional.

Esta frase é a radiografia do colapso moral do Ocidente. O que os EUA estão agora a exigir é simples: que a Ucrânia sobreviva ajoelhada.

Mas um país que perde dignidade perde tudo: território, futuro, povo, memória. E Zelensky sabe isso melhor do que ninguém.

O Alinhamento Óbvio com o Kremlin

A verdade desconfortável — mas factual — é que Trump se tornou o mais eficaz instrumento dos interesses estratégicos russos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Não por ser legalmente "agente", mas porque as suas decisões e pressões beneficiam Moscovo ponto por ponto.

Cada retirada de apoio à Ucrânia fortalece Putin. Cada ataque à NATO abre espaço ao expansionismo russo. Cada elogio ao Kremlin é um dardo no coração da Europa.

A Europa: O Continente que Esqueceu o Que Está em Jogo

A UE assiste em silêncio, como se nada tivesse mudado, como se a neutralização da Ucrânia não fosse o prelúdio da sua própria fragilidade. Se Washington fechar a porta, a Europa terá de enfrentar — sozinha — um império renascido que já provou estar disposto a reescrever fronteiras pela força.

É o fim de uma era. E quase ninguém parece perceber.

Epílogo: A Diplomacia Que Cheira a Cinzas

Nunca a palavra "paz" foi tão insultada. Nunca um país foi pressionado a ceder tanto, tão depressa, tão vergonhosamente. Trump quer terminar a guerra não para salvar a Ucrânia, mas para selar o triunfo geopolítico de Putin. O que está em causa não é território: é a dignidade de uma nação e a honra do mundo livre.

Se a Ucrânia for forçada a ajoelhar-se, a Europa segue a seguir.

Escrito por Francisco Gonçalves em coautoria com Augustus Veritas.
Uma crónica da série Contra o Teatro da Mediocridade.
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