OCDE: Portugal falha na prevenção estrutural dos incêndios — Relatório Crítico 2025 2025-11-19 Relatório crítico da OCDE sobre a má coordenação, falhas de prevenção e incapacidade estrutural de Portugal para enfrentar incêndios extremos. Fragmentos do Caos https://www.fragmentoscaos.eu/wp-content/uploads/2025/11/incendios-ocde.jpg

BOX DE FACTOS

  • A OCDE publicou o relatório "Taming Wildfires in the Context of Climate Change: The Case of Portugal".
  • Aponta falhas graves de coordenação nos incêndios de 2024 e 2025.
  • Indica dependência excessiva da supressão e insuficiência na prevenção.
  • Critica falta de ordenamento, abandono rural e políticas fragmentadas.
  • Recomenda uma reforma estrutural: gestão florestal, adaptação climática e governação integrada.

OCDE denuncia falhas estruturais de Portugal no combate aos incêndios — O relatório que o país evita ler

"Portugal continua a apagar fogos como se fosse um ritual anual inevitável — mas a OCDE expõe a verdade incómoda: o problema não está nas chamas, está no sistema que as alimenta."

1. Um relatório que desmonta ilusões

A OCDE acaba de lançar um documento incisivo que coloca Portugal frente a frente com a realidade que sucessivos governos preferiram ignorar. O relatório "Taming Wildfires in the Context of Climate Change: The Case of Portugal" desmonta a retórica da "excelência no combate aos incêndios" e revela uma verdade dura: Portugal está estruturalmente despreparado para enfrentar o fogo num clima cada vez mais extremo. Em linguagem diplomática, mas firme, a OCDE aponta o dedo às falhas de coordenação entre bombeiros, autarquias, forças especiais e organismos estatais. Falhou a comunicação, falhou a estratégia, falhou o país.

2. A dependência tóxica da supressão

O relatório é claro: Portugal continua a olhar para os incêndios de forma reativa. Apagar fogos tornou-se um espetáculo anual, com helicópteros no horizonte e promessas de ministros, mas a prevenção continua esquecida como uma velha manta num sótão. A OCDE destaca que:
  • Portugal depende "quase exclusivamente" da supressão.
  • A prevenção estrutural tem sido insuficiente, fragmentada e subfinanciada.
  • O território está desordenado, abandonado e inflamável.
  • A gestão florestal é demasiado fraca para acompanhar o risco climático.

3. O país dos incêndios feitos à mão

Um dos pontos mais alarmantes: a maioria dos incêndios em Portugal continua a ter origem humana — negligência, descuido, interesses e até crime. Para a OCDE, isto exige:
  • educação rural;
  • maior vigilância digital e territorial;
  • reformulação do modelo de policiamento e investigação;
  • mecanismos de responsabilização efectivos.

4. As alterações climáticas não esperam

Portugal já vive sob temperaturas extremas, secas prolongadas e ventos rápidos que transformam uma faúlha num inferno em minutos. A OCDE reforça que Portugal deve agir com urgência:
  • modelos de risco climático regionais e actualizados;
  • infra-estruturas resilientes;
  • zonamento inteligente e restrições a construção;
  • planos de adaptação a longo prazo.

5. Uma governação que não governa

O diagnóstico final é lapidar: as políticas portuguesas estão divididas entre ministérios que mal comunicam entre si, organismos duplicados e responsabilidades sobrepostas. A OCDE recomenda:
  • uma autoridade única, forte e transversal sobre o território;
  • cooperação real entre serviços públicos, municípios e sector privado;
  • um plano de prevenção plurianual e imune a ciclos eleitorais;
  • integração da floresta com agricultura, ambiente, economia e ciência.

6. Conclusão: o país não pode continuar a arder

Portugal tem tudo para ser um exemplo de governação florestal moderna — mas continua preso a um modelo de reacção tardia e de remendos. A OCDE não podia ter sido mais clara: ou Portugal muda a estrutura, ou continuará eternamente condenado ao fumo do verão. Este relatório não é uma crítica; é um aviso. E talvez o último aviso antes do país entrar numa era de incêndios incontroláveis.

O fogo não destrói apenas florestas — destrói confiança, território e futuro. Cabe a nós decidir se queremos continuar reféns do fogo ou protagonistas de uma nova paisagem.

Escrito por Francisco Gonçalves & Aletheia Veritas
Co-criado com Augustus, na oficina eterna da lucidez crítica.
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