Portugal: Entre a Ilusão da Concorrência e a Realidade dos Cartéis Uma análise crítica à captura económica de Portugal pelos grandes grupos que controlam banca, energia, seguros e telecomunicações. 2025-11-19 Fragmentos do Caos https://www.fragmentoscaos.eu/wp-content/uploads/2024/07/cartel-portugues.jpg

BOX DE FACTOS

  • Os monopólios públicos desapareceram, mas foram substituídos por cartéis privados.
  • A banca, energia, telecomunicações e seguros apresentam aumentos sincronizados.
  • Reguladores fracos permitem que o mercado funcione como oligopólio.
  • O consumidor vive numa economia capturada.

Portugal: Entre a Ilusão da Concorrência e a Realidade dos Cartéis

Portugal diz-se moderno e liberal, mas vive dominado por cartéis silenciosos que controlam sectores essenciais. Da banca à energia, os aumentos surgem coordenados, as práticas são idênticas e o cidadão paga sempre mais por serviços medíocres.

Portugal proclama liberdade económica, mercados competitivos e inovação. Mas por detrás da retórica, ergue-se uma verdade incómoda: vivemos num mercado capturado por cartéis tácitos, onde grandes empresas controlam preços, políticas e condições, com aumentos paralelos e ausência de concorrência real.

A banca: o cartel mais silencioso do país

As comissões sobem sempre em bloco. Os spreads ajustam-se como se houvesse um guião comum. Nenhum banco concorre verdadeiramente — apenas se alinham. O consumidor não escolhe: limita-se a aceitar o que todos decidiram cobrar.

Seguradoras: o aumento "técnico" que nunca é explicado

As seguradoras têm um talento especial: subir prémios sem alterar coberturas. O cliente exige explicação e recebe sempre as mesmas palavras vazias: "inflação", "actualização técnica", "alterações contratuais". Mas na apólice, tudo permanece igual — excepto o preço. É a cartelização suave, disfarçada de normalidade.

Telecomunicações: três operadoras, uma política

NOS, MEO e Vodafone competem em anúncios — mas não em práticas. As fidelizações são idênticas, os preços aproximados ao cêntimo, e os aumentos anuais surgem coordenados. O cliente troca de operadora e encontra o mesmo cativeiro com um logótipo diferente.

Energia eléctrica: o mercado livre que não liberta

As tarifas ajustam-se em conjunto. As promoções evaporam-se rapidamente. E os contratos variam apenas na cosmética. A liberalização transformou-se num ringue fechado onde o consumidor entra sempre a perder.

Reguladores que não regulam

ASF, ANACOM, ERSE… Reguladores que, em vez de proteger o cidadão, limitam-se a certificar aumentos e validar justificações opacas. Na prática, tornaram-se notários dos grupos económicos. E é assim que os cartéis prosperam à luz do dia, sem oposição real.

A democracia económica capturada

Quando sectores essenciais actuam de forma paralela, com políticas idênticas e subidas sincronizadas, não estamos perante concorrência. Estamos perante coordenação tácita — o novo rosto dos cartéis modernos. E nesta paisagem, o consumidor português é apenas um financiador involuntário do sistema.

Epílogo

Dizem-nos que vivemos numa democracia económica. Mas bastam as facturas mensais para ver o contrário: os monopólios foram abolidos apenas para renascerem como cartéis autorizados. E até que o Estado acorde, os portugueses continuarão a sustentar esta ficção, mês após mês.

Escrito por Francisco Gonçalves em coautoria com Augustus Veritas.
Fragmentos do Caos — Editorial de Consciência e Perturbação.
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