Portugal: As Exportações, os Setores-Chave e o Império da Incompetência

1. O retrato cru das exportações portuguesas

Portugal exporta anualmente cerca de 83 mil milhões de dólares em bens. É, à primeira vista, um número impressionante — até se perceber a sua composição. A economia portuguesa continua presa ao mesmo padrão estrutural de há décadas: bens industriais de baixa complexidade, pouca inovação e reduzido valor agregado.

Entre os produtos mais exportados estão carros montados no país, peças, plásticos, papel, ferro e equipamentos eléctricos. Tudo bons sectores — mas quase todos dependentes de decisões tomadas fora do país, de multinacionais instaladas em Portugal, muitas vezes sem investimento real em I&D.

2. Os números que explicam Portugal

3. Gráfico 1 — Distribuição das Exportações

O gráfico em baixo demonstra a repartição percentual das principais exportações portuguesas. Mostra, com frieza matemática, o que já sabemos: produzimos bens industriais de valor moderado e dependentes de ciclos externos.

Fig. 1 — Distribuição percentual das exportações portuguesas.

4. Gráfico 2 — Valores por Sector

O gráfico seguinte evidencia os valores absolutos (em mil milhões de dólares) de cada sector exportador.

Fig. 2 — Exportações por categoria (USD).

5. Portugal poderia exportar muito mais — se deixasse a mediocridade política para trás

O problema não é o que exportamos — é o que não exportamos:

• software e produtos digitais de alto valor;
• tecnologia de ponta e automação;
• microelectrónica e sistemas avançados;
• robótica e IA;
• tecnologias médicas;
• biotecnologia competitiva;
• energia e soluções verdes exportáveis.

Portugal continua refém de um modelo que premeia a mediocridade, mantém a sociedade ocupada com futebol e futilidades, e não cria condições para que o talento floresça.

6. Como melhorar — o modelo que Portugal recusa implementar

Portugal só crescerá quando abandonar o improviso e adoptar uma estratégia nacional baseada em:

• I&D estruturado com ligação directa às empresas.
• Escolas técnicas avançadas focadas em tecnologia real e não em burocracias académicas.
• Parques tecnológicos produtivos, não apenas vitrinas vazias.
• Estado digital com eficiência, transparência e meritocracia.
• Uma cultura de exigência que substitua a cultura de desculpas.

O país tem talento, engenho e inteligência. O que falta é liderança. E sobretudo, falta coragem para romper com a velha máquina da incompetência instalada.