BOX DE FACTOS

  • António Costa surge em 22 escutas realizadas entre 2020 e 2022.
  • A PGR admite apenas 7 escutas não comunicadas ao STJ.
  • STJ declara "poder jurisdicional esgotado" e devolve o caso.
  • Diferença entre 22 e 7 não foi explicada por DCIAP nem PGR.
  • O caso ameaça a validade das provas e expõe fragilidades institucionais.

OPERAÇÃO INFLUENCER: A CRONOLOGIA SECRETA DAS ESCUTAS A ANTÓNIO COSTA

Uma investigação que devia ser exemplar tornou-se um espelho sombrio da justiça portuguesa: escutas ocultadas durante anos, contradições gritantes, poderes esgotados antes de agir e um ex-primeiro-ministro suspenso numa nebulosa processual que ninguém quer explicar.
A Operação Influencer é hoje mais do que um processo judicial: é um enigma institucional que expõe falhas profundas no Ministério Público, no DCIAP e até no Supremo Tribunal de Justiça. As últimas revelações sobre as escutas envolvendo António Costa — umas contadas como 22, outras assumidas como apenas 7 — ergueram um nevoeiro de contradições que o país não pode ignorar. Esta cronologia rigorosa coloca cada peça no lugar e permite ver o desenho completo deste labirinto jurídico-político.

Linha do Tempo Completa

Data Evento
2019 PGR e DCIAP classificam o Universo Influencer como processo urgente e de acompanhamento contínuo.
24-12-2020 a 24-12-2022 Realizam-se 22 sessões de escuta onde António Costa surge como interlocutor. Nenhuma é comunicada ao STJ dentro do prazo.
07-11-2023 O caso torna-se público: 42 buscas, detenções, Costa envolvido e demissão imediata do cargo de PM.
01-12-2024 Costa assume a presidência do Conselho Europeu; processo continua sem despacho final.
14-11-2025 DCIAP afirma que nunca houve atrasos; processo estaria sempre em "actividade contínua".
20-11-2025 DN revela omissão de 22 escutas durante 5 anos. TCIC declara "poder jurisdicional esgotado".
21-11-2025 PGR admite apenas 7 escutas não comunicadas "por razões técnicas". Discrepância entre 22 e 7 levanta suspeitas e reacções políticas fortes.

As Grandes Contradições

Contradição Descrição
22 vs 7 Escutas A imprensa e documentos indicam 22 sessões entre 2020-2022. A PGR admite só 7 omissões. Nenhuma entidade explica a diferença.
Prazos Legais As escutas foram entregues anos fora de prazo, tornando impossível a sua validação judicial.
Narrativa de "Processo Activo" DCIAP garante que tudo correu sem atraso. Mas escutas ficaram invisíveis ao STJ por anos — realidade oposta.
Competência dos Tribunais O STJ diz estar "incompetente" e devolve o processo. O TCIC confirma que "poder jurisdicional está esgotado". Na prática: escutas inutilizáveis.

Conclusão: O Processo que se Afundou nas Próprias Escutas

O que deveria ser um dos processos judiciais mais rigorosos da democracia portuguesa acabou por se transformar num episódio perturbador da nossa vida institucional. As contradições entre 22 e 7 escutas, os atrasos inexplicáveis, o poder jurisdicional "esgotado" e a falta de transparência tornam impossível ignorar que algo falhou — e falhou gravemente — no coração da justiça portuguesa. Mais do que um caso, esta cronologia é uma radiografia de como o Estado pode colapsar quando quem devia garantir transparência escolhe o silêncio, a ambiguidade e a opacidade. Portugal merece mais do que isto. Merece verdade.
Escrito por Francisco Gonçalves em coautoria com Augustus Veritas. Uma crónica da série Contra o Teatro da Mediocridade.
🌌 Fragmentos do Caos: Blogue Ebooks Carrossel
👁️ Esta página foi visitada ... vezes.