O Triunfo da Ignorância 2025-11-15 Vivemos a era em que a voz da sabedoria se extingue e os ignorantes governam o pensamento colectivo. A era em que a estupidez se tornou poder. Fragmentos do Caos https://www.fragmentoscaos.eu/images/triunfo-ignorancia.jpg

BOX DE FACTOS

  • As redes sociais transformaram a ignorância em espetáculo e o disparate em doutrina.
  • A sabedoria é agora ridicularizada e o pensamento profundo tornou-se anacronismo.
  • O poder descobriu que nada governa melhor do que a estupidez satisfeita.

O Triunfo da Ignorância

"A sabedoria calou-se. Os sábios falam sozinhos — e os ignorantes aplaudem-se uns aos outros."

Vivemos um tempo estranho: aquele em que a ignorância se disfarça de opinião e a estupidez de coragem. O que outrora era dito ao balcão de um café, em tom de paródia, ecoa hoje pelas redes, transformado em doutrina de massas. Nunca o disparate teve tanta visibilidade, nem o silêncio tanta vergonha.

As redes sociais não libertaram o pensamento — apenas libertaram o ruído. Transformaram a mediocridade em fenómeno cultural, a mentira em narrativa e o ódio em identidade. E assim, com um simples toque, o homem regressou à caverna — agora iluminada por ecrãs.

O Poder da Estupidez

Os que dominam o mundo compreenderam depressa que a ignorância é a melhor ferramenta de governo. Um povo que não pensa é fácil de entreter, fácil de enganar e, sobretudo, fácil de controlar. Hoje, o poder já não precisa de censurar — basta distrair. Basta inundar o espaço público com vozes ocas e indignações fabricadas.

Hoje, em vez de se ouvir a voz da sabedoria e do pensamento maduro, escutam-se os gritos dos tolos e dos ignorantes. As suas "verdades" espalham-se pelas redes sociais como vírus — rápidas, contagiosas e mortíferas. Este é o novo pensamento do povo: a crença no ruído e a fé no disparate. E assim, nunca foi tão fácil governar hordas de imbecis felizes.

A Morte do Pensamento

O cidadão moderno já não lê — desliza o dedo. Não pondera — reage. A informação tornou-se anestesia: uma overdose diária de superficialidade que dissolve a razão. Os intelectuais tornaram-se fantasmas; os filósofos, exilados; os sábios, peças de museu.

O conhecimento, outrora sinal de elevação, passou a ser visto como ameaça. Quem sabe é temido; quem pensa é ridicularizado; quem duvida é silenciado. E nas praças digitais, a multidão celebra a queda da inteligência como quem assiste a um espetáculo de fogos.

O Último Refúgio dos Sábios

Mas a sabedoria ainda existe — nas margens, nos poucos que preferem compreender a gritar. São os herdeiros da lucidez, os que recusam o conforto do rebanho. Vivem como náufragos entre ondas de mediocridade, guardando a chama que um dia voltará a iluminar o mundo.

Imagem ilustrativa do artigo
Ilustração — Fragmentos do Caos © 2025

Epílogo: Umberto Eco tinha razão — "as redes sociais não democratizaram a palavra, apenas universalizaram o disparate." Mas a história é cíclica: toda a era de ruído termina no silêncio, e é nesse silêncio que o pensamento renasce. Talvez então, dos escombros da ignorância triunfante, surja de novo o homem capaz de pensar o mundo.

— Francisco Gonçalves, em "Fragmentos do Caos"

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