Cinco Décadas de Vergonha: Como Traímos a Pátria que Jurámos Honrar

A Traição à Pátria e ao Povo — Cinco Décadas de Silêncio, Saque e Servidão
— Cinquenta anos após o 25 de Abril, Portugal continua entre os países europeus com maior perceção de corrupção.
— Segundo o Eurobarómetro (2024), 92% dos portugueses acreditam que o nepotismo e os compadrios estão enraizados no sistema político.
— O país perdeu, desde 1980, mais de dois milhões de jovens qualificados para a emigração.
Fontes: Transparência Internacional, Eurostat, Pordata, Observatório da Emigração
Cinco décadas. Meio século em que Portugal poderia ter sido farol — e escolheu ser penumbra. Onde podia ter sido ponte — e tornou-se servidão. Onde podia ter sido país — e tornou-se coutada.
Não foi a Pátria que falhou: foram os homens que juraram defendê-la e venderam-na em prestações, com a frieza metódica de quem converte o bem comum em património privado. Portugal não foi derrotado por invasores armados, mas por elites caseiras — tecnocratas, banqueiros, carreiristas partidários e comerciantes de influência, que trocaram o futuro da nação por privilégios de curto prazo.
"Não foi golpe de Estado. Foi pior: foi golpe de carácter."
I — O povo trabalhou, eles saquearam
Durante cinco décadas, o povo esforçou-se, produziu, pagou, emigrou, sofreu impostos, austeridades, promessas, ilusões. Enquanto isso, uma minoria organizada ocupou os corredores do Estado para servir interesses privados — sempre "em nome da República".
- Milhares de milhões drenados por corrupção e portas giratórias;
- Privatizações desenhadas com régua de compadre;
- Bancos transformados em cofres de saque público;
- Justiça de passo lento e moral intermitente;
- Honestos vigiados, influentes protegidos.
O crime perfeito não é o que não deixa provas — é o que deixa provas, mas ninguém ousa investigar.
II — O engano perfeito
O truque maior foi fazer os portugueses acreditarem que são eles o problema — quando o problema sempre esteve nos palácios, não nas aldeias. Disseram-nos para sermos humildes, para aceitar pouco, para "não levantar ondas". Como quem domestica um povo inteiro para que agradeça a esmola dada com o dinheiro que ele próprio produziu.
"Portugal tornou-se um teatro: o drama é nacional, a farsa é governativa, e o público paga bilhete para ser enganado."
III — Uma pátria não morre: adormece
As pátrias só parecem derrotadas. Nenhuma traição é eterna. Nenhum silêncio dura para sempre. Há um ponto onde a dignidade acorda e passa a ferro os mapas morais do país. Portugal começa a despertar. E os que juraram que o país era pequeno descobrirão, tarde demais, que pequeno era apenas o tamanho da sua ambição moral.
A nação verdadeira — a do povo que trabalha, pensa, cria, inventa, constrói — não esquece nem perdoa eternamente. Quando a História regressa, regressa com conta, peso e medida.
IV — Chamamento final
Cinquenta anos foram suficientes. Chega de Estado capturado. Chega de pátria reduzida a palco de oportunistas. Portugal não precisa de salvadores — precisa de cidadãos conscientes, de coragem pública, de transparência total, de uma cultura onde o mérito substitua o compadrio e o serviço substitua o saque.
O futuro não está perdido. Está apenas à espera de quem o reivindique.
Porque a Pátria não é deles. Nunca foi. É nossa.
E desta vez, não a venderemos.
"A traição à Pátria não é apenas roubar o Estado — é roubar a esperança de um povo inteiro."
© Francisco Gonçalves