As Medalhas da Impunidade: Quando o Passado Ainda Manda no Presente

Cavaco e o Teatro da Memória Curta
Hoje, em Portugal, assistimos a mais um daqueles momentos de ironia política que fariam rir — se não doessem tanto. O primeiro-ministro Luís Montenegro decidiu homenagear Cavaco Silva. Não é o gesto em si que choca — porque sabemos bem que, neste país, eles medalham-se entre si — mas o que se seguiu.
As televisões, quais arqueólogas do esquecimento conveniente, foram ao baú dos tesourinhos deprimentes e mostraram imagens do Cavaco dos anos 80 e 90: o "professor" no auge do seu poder, rodeado dos ministros que seriam, mais tarde, os protagonistas de alguns dos maiores assaltos morais e financeiros da nossa história recente.
Dias Loureiro, também ligado ao BPN, e outros escandalos financeiros em Portugal e Espanha, Ferreira do Amaral o engenheiro financeiro de negocios privados com a Lusoponte, José Oliveira e Costa o grande arquiteto do grande desfalque nacional do BPN... rostos que nos recordam um tempo em que roubar o país ainda era segredo, e não um desporto praticado à luz das câmaras.
É curioso — e triste — ver um país aplaudir os seus algozes com a mesma docilidade com que aceita impostos injustos, corrupção endémica e promessas ocas. Portugal continua a viver entre homenagens ao passado e a incapacidade de construir o futuro. E, como sempre, a memória coletiva continua curta, seletiva e perigosamente amnésica.
"Roubar o país era segredo. Hoje, é apenas protocolo."
— Fragmentos do Caos ✦ Série: Contra o Teatro da Mediocridade
🕯️ Reflexão Final
"Deus perdoa os pecados. A História, nunca."