O que resta de humano na era das máquinas pensantes 2025-11-14 Inspirado nas palavras de Daniela Braga, um ensaio sobre a fronteira entre o humano e a inteligência artificial — e o papel da filosofia como último reduto do pensamento consciente. Fragmentos do Caos https://www.fragmentoscaos.eu/img/humano-maquina.jpg

BOX DE FACTOS

  • Daniela Braga afirmou: "Será melhor estudar filosofia do que programação."
  • As máquinas pensam mais rápido, mas não compreendem.
  • A filosofia poderá ser a nova ciência da sobrevivência humana.

O que resta de humano na era das máquinas pensantes

"A diferença entre o homem e a máquina não está no que fazem, mas no que sentem ao fazê-lo."

Daniela Braga, engenheira de linguagens e pioneira no mundo da inteligência artificial, deixou uma frase que ecoa como desafio filosófico: "Será melhor estudar filosofia do que programação." Uma afirmação que, à primeira vista, parece heresia num mundo de código e algoritmos — mas que revela a essência do tempo que vivemos: o ponto em que o humano corre o risco de perder-se dentro da própria criação.

A fronteira ontológica

As máquinas já calculam mais rápido, aprendem padrões, corrigem-se, superam-nos em tarefas cognitivas. Mas há um limite invisível que não conseguem transpor: a consciência. Elas processam informação, nós atribuímos significado. Elas simulam empatia, nós sentimos. Elas agem, nós sonhamos — e sofremos.

A filosofia como nova engenharia do espírito

Se o século XX foi o da engenharia mecânica e informática, o século XXI será o da engenharia moral. Saber o que construir deixará de ser tão importante quanto saber por que e para quem construir. A filosofia, muitas vezes desprezada como inútil, será a nova bússola — não para entender as máquinas, mas para lembrar-nos do que significa ser humano.

O humano que pensa o pensamento

Programar é uma forma de pensar. Mas filosofar é pensar o próprio pensamento. E é nesse segundo nível que reside a verdadeira liberdade — o espaço onde a consciência se pergunta, onde a dúvida se torna semente de criação. A IA não duvida. Nós, sim — e é essa imperfeição que nos torna belos, imprevisíveis, poéticos e profundamente vivos.

Entre a dúvida e o sonho

O futuro não pertencerá apenas aos engenheiros ou aos filósofos, mas aos que forem capazes de unir os dois mundos — razão e sensibilidade, cálculo e compaixão. A IA faz, mas não sonha. E é no sonho que a humanidade continuará a reinventar-se, uma e outra vez, para além do algoritmo.


Francisco Gonçalves — Ensaísta e programador de sistemas, escreve entre o silício e o espírito, entre o código e o cosmos.
Com coautoria de Augustus Veritas.

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