O Exílio Dourado dos Políticos — Quando o Povo Paga e o Poder Vai Ensinar Ética Lá Fora Marcelo anuncia aulas nos EUA após deixar Belém — a ironia de um país onde os que nada mudam se tornam professores da mudança. Fragmentos do Caos 2025-11-14 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Marcelo_Rebelo_de_Sousa_2019.jpg

O Exílio Dourado dos Políticos

Quando o Povo Paga e o Poder Vai Ensinar Ética Lá Fora

Há algo de quase poético neste destino: depois de anos a falar muito e mudar pouco, o político português viaja para ensinar moral e ciência política a estrangeiros. É o triunfo da palavra sobre o exemplo, da pose sobre a obra — a consagração da mediocridade diplomática em cátedra internacional.

BOX DE FACTOS

  • Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que, após deixar a Presidência, pretende lecionar na Califórnia, nos EUA.
  • O ex-Presidente afirmou que aproveitará a estadia para assistir aos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.
  • O cargo de docente visitante será financiado por instituições norte-americanas, mas o simbolismo político permanece — o de um governante que abandona um país sem reformas significativas.
  • Desde Mário Soares, é tradição os ex-líderes portugueses buscarem reconhecimento internacional após carreiras internas inconclusivas.

A Aula que Faltou em Portugal

Marcelo vai ensinar ciência política na Califórnia. Ironia das ironias: o homem que passou anos a falar de tudo e a resolver nada, agora será professor da arte de governar. Que currículo mais perfeito para o século da aparência! Um político que transforma o comentário em teoria, a indecisão em pedagogia e a simpatia mediática em método académico. Portugal é o país onde o poder não deixa legado — apenas memórias de selfies, abraços e frases que soam bem. A academia estrangeira recebe-o agora como "case study" do carisma sem consequência.

Do Beija-Mão ao Diploma

Há um padrão que se repete: os políticos nacionais, findo o mandato, convertem-se em conferencistas internacionais, como se o fracasso administrativo se transformasse em sabedoria global. É o exílio dourado da classe dirigente — aquele que foge à prestação de contas e se refugia no prestígio académico estrangeiro. Afinal, é mais cómodo ensinar sobre democracia do que vivê-la, mais fácil dissertar sobre ética do que aplicá-la, mais agradável dar aulas em Los Angeles do que enfrentar a realidade em Lisboa.

Portugal — o país-escola dos que nunca aprendem

O episódio diz mais sobre Portugal do que sobre Marcelo. Aqui, quem falha é promovido; quem acerta, é esquecido. Os que prometeram reformas estruturais e se limitaram a discursos moralistas acabam a ensinar moral a outros povos. E o cidadão português, esse aluno exemplar da paciência, assiste, mais uma vez, à aula do conformismo — gratuita, obrigatória e eterna.

Epílogo — A Ironia Suprema

Talvez Marcelo ensine que o poder é uma arte de parecer virtuoso. Talvez fale de como um sorriso e uma citação de Aristóteles podem adiar reformas por décadas. Mas a verdadeira lição está deste lado do Atlântico: um povo que aceita tudo, até que o seu Presidente vá ensinar ética política ao mundo, sem nunca a ter aplicado em casa. Se esta for a última aula, que ao menos os portugueses aprendam a não se matricular de novo na mesma escola.


✍️ Francisco Gonçalves
Coautoria de Augustus Veritas — Série Contra o Teatro da Mediocridade


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