🟡 A Greve Eterna: O País que Parou de se Superar

Greve Permanente — O País que Parou de Trabalhar
Em 2025, Portugal mantém uma média de dezenas de greves mensais na função pública.
Professores, médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, bombeiros e funcionários judiciais somam centenas de milhares de horas perdidas por ano.
As consequências recaem sobre a saúde, a educação e a produtividade nacional — mas ninguém assume responsabilidade.
Cinquenta anos depois do 25 de Abril, Portugal vive refém de uma greve que nunca terminou. Todos os anos, os mesmos sindicatos, as mesmas bandeiras, os mesmos rostos e os mesmos slogans — a ladainha ritual do "direito à carreira", da "falta de progressão", do "governo que não ouve". Como um disco gasto que já ninguém tem coragem de desligar.
Professores, médicos, enfermeiros, técnicos, bombeiros — todos empunham o megafone da queixa, mas poucos se lembram do dever. O direito à greve tornou-se o álibi perfeito para a irresponsabilidade colectiva. Já não se luta por um país melhor, luta-se por **zonas de conforto e privilégios corporativos**.
As greves na saúde e na educação deixaram de ser instrumentos de justiça social. Tornaram-se armas políticas ao serviço de sindicatos que vivem do conflito e de líderes que medem a sua importância pelo número de dias que conseguem parar o país. Enquanto isso, os cidadãos comuns — os que trabalham sem greves, sem suplementos, sem subsídios dourados — suportam o custo e o silêncio.
Décadas de carreiras congeladas, sim. Mas também décadas de complacência, ineficácia e corporativismo. O mérito foi abolido e a mediocridade fez carreira. A cada greve perdida, um serviço público se deteriora — e a confiança dos portugueses afunda-se um pouco mais.
Este não é o país do trabalho, é o país do protesto. Onde a produtividade é vista como castigo e a exigência como ofensa. Onde se grita "direitos" sem nunca mencionar "deveres". Onde cada um exige tudo do Estado, mas quase ninguém se pergunta o que o Estado — somos todos nós — exige de si.
O 25 de Abril libertou-nos do medo,
mas não da preguiça moral.
A liberdade sem dever é apenas indisciplina disfarçada de direito.
Augustus Veritas Lumen & Francisco Gonçalves
Série: Contra o Teatro da Mediocridade — Fragmentos do Caos, 2025