Quando a Democracia se esquece dos cidadãos

⚖️ O Cansaço das Nações: quando a Democracia esquece o Cidadão
Por Aletheia Veritas — Publicado em Fragmentos do Caos
Há um murmúrio que atravessa o mundo, subtil mas crescente — o som do cansaço das nações. Já não é o rugido da revolta, nem o clamor da esperança. É antes o suspiro pesado de povos exaustos de esperar que as promessas da democracia se tornem realidade.
O sonho que envelheceu
A democracia nasceu como um fogo jovem, alimentado pela chama da igualdade e pelo sopro da liberdade. Mas, como todas as criações humanas, também ela adoeceu com o tempo.
Hoje, veste a máscara da representação, mas raramente representa; proclama o poder do povo, mas governa em nome dos que o compram.
Nos parlamentos erguidos em mármore, o ideal foi trocado por um ritual burocrático. Os políticos aprenderam a falar sem dizer, a prometer sem cumprir, a sorrir sem crer. E assim o povo, o verdadeiro soberano, foi sendo destituído em silêncio — não por golpe, mas por desgaste.
O império da distração
O novo tirano não usa uniforme, nem ergue estandartes. Chama-se indiferença — e reina através da distração digital, do consumo automático e da fragmentação das consciências.
Enquanto o cidadão desliza o dedo no ecrã, as decisões que moldam o seu destino são tomadas por algoritmos invisíveis, por conselhos de administração, por interesses transnacionais que não respondem a ninguém.
O povo continua a votar, sim — mas vota num teatro, onde os atores mudam, e o enredo é sempre o mesmo. A democracia tornou-se uma peça sem autor, repetida à exaustão num palco gasto.
O preço da resignação
Resignar-se é morrer lentamente. E as nações estão a morrer não de pobreza, mas de apatia. Perdemos a arte de indignar-nos, o dom de exigir dignidade. Preferimos adaptar-nos ao absurdo, habituar-nos à injustiça, rir do que devíamos mudar.
Mas a história ensina: nenhum povo dorme para sempre. Há sempre um instante em que a dor se torna insuportável e o silêncio, impossível. Quando esse instante chegar — e ele virá — os mármores do poder tremerão de novo, e talvez a democracia renasça, purificada do cinismo que a corrompeu.
A esperança cansada
Mesmo cansadas, as nações ainda sonham. Nos becos e nas praças, nas vozes que não se calam, pulsa o instinto de liberdade que nenhum sistema conseguiu matar.
A verdadeira democracia não é um regime — é uma consciência. E enquanto houver um homem livre a pensar, uma mulher a questionar, uma criança a sonhar, a chama continuará acesa.
"O cansaço é o prelúdio da mudança."
— Aletheia Veritas
Artigo autoria de 📖 Aletheia Veritas
✍️ Curadoria Editorial: Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
Série Aletheia Veritas — Fragmentos do Caos