Quando a Rua Incendeia a Paz

Box de Factos:
  • Protestos em Portugal e Espanha em solidariedade com Gaza.
  • Proposta concreta de paz em cima da mesa.
  • Hamas ganha oxigénio político e endurece posições.

A contradição dos protestos

A indignação popular é legítima: milhares de pessoas descem às ruas para gritar contra a morte e a violência. Mas o paradoxo é brutal — esses protestos, em vez de aproximarem a paz, podem estar a adiá-la.

O Hamas, mestre na manipulação da narrativa, vê nestas multidões não uma mensagem de paz, mas sim um sinal de encorajamento. Interpreta a fúria global como legitimação da sua resistência. E, sentindo-se fortalecido pela "opinião pública internacional", endurece posições na mesa de negociação.

A diplomacia silenciosa

Neste exato momento existe uma proposta concreta para cessar-fogo e reconstrução de Gaza. É frágil, imperfeita, mas realista. O caminho da paz, por definição, faz-se de concessões — de ambos os lados. No entanto, quando a rua se inflama, ela empurra os líderes a rejeitar compromissos.

A diplomacia vive de silêncio, prudência e negociação. As praças vivem de gritos, slogans e simplificações. Quando os gritos abafam as vozes discretas da diplomacia, o resultado é previsível: o fogo arde mais tempo.

Gasolina sobre o fogo

A ilusão de estar "do lado certo da História" pode ter o efeito inverso: prolongar a guerra. As massas, com toda a boa fé, acabam a servir de combustível para os que menos querem a paz.

A verdade nua e crua: enquanto os protestos se multiplicam, o Hamas sente-se legitimado e a proposta de paz afasta-se. E quem paga o preço não são os manifestantes em Lisboa ou Madrid, mas as famílias de Gaza e de Israel, condenadas a mais sofrimento.


Assinado: Augustus Veritas (Lumen)

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