Cofre vazio com escudo de Portugal

Portugal: o país onde todos pedem, mas ninguém cria

Box de Factos:
Nos últimos 50 anos, Portugal viveu sob a mesma cantilena: mais dinheiro, mais direitos, mais subsídios. O problema? A cornucópia estatal secou — e a produtividade nunca apareceu.

Em Portugal, todos os funcionários públicos pedem sempre mais dinheiro. Todos os anos, a mesma sinfonia: greves de professores, enfermeiros, médicos, técnicos e administrativos, todos com a mesma partitura — "temos direitos, queremos respeito". Mas esquecem o resto da frase: "e deveres, alguém?"

Como disse um ministro das Finanças, nos tempos da Troika, com um raro momento de lucidez orçamental: "O que é que não entenderam? Não há dinheiro."
Mas o país parece viver em negação. Continua a achar que o Tesouro é uma mina de ouro e que o contribuinte é uma entidade abstrata, invisível, eterna — um santo de bolsos fundos e paciência infinita.

Portugal tornou-se o país do eterno pedido: pede-se mais salário, mais carreiras, mais benefícios, mais tempo. Mas não se pede mais produtividade, mais mérito, mais inovação, mais futuro. É o velho fado da dependência: canta-se o sofrimento enquanto se estende a mão.

O problema não é o funcionário público — é o sistema que o transformou num súbdito de sindicatos fossilizados, num Estado hipertrofiado que alimenta a inércia e castiga a criatividade. Enquanto uns pedem, poucos criam. E é desses poucos que vem o dinheiro que já não há.

Portugal precisa de uma revolução de consciência: menos greves de interesse próprio, mais greves de inteligência nacional. Menos lamúrias, mais lucidez. Menos Estado parasitário, mais sociedade produtiva. Só então deixaremos de ouvir a frase mais honesta que um político alguma vez disse: "Não há dinheiro."


— Fragmentos do Caos, série "Contra o Teatro da Mediocridade"

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