🕯️ Manifesto: A Imprensa que se Rendeu ao Silêncio

Série Contra o Teatro da Mediocridade · por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen


"Onde devia arder a luz da verdade, restam agora candeias sem azeite."

Portugal tem hoje uma imprensa que já não fala — murmura.
Não investiga — comenta.
Não vigia — serve.

Os jornais que nasceram para ser trincheiras de liberdade tornaram-se parques infantis do poder:
brincam às notícias, equilibram-se nas verbas públicas, e sorriem aos tiranos de fato e gravata.

Os repórteres que um dia escreveram com sangue e convicção
foram substituídos por gestores de narrativa e moderadores de silêncio.
Já não há redações — há redações de obediência.

Entre comunicados oficiais e manchetes domesticadas, o jornalismo português perdeu a coragem de perguntar porquê.
E quando um povo deixa de ser informado, começa a ser moldado.
A mentira instala-se, o medo assenta praça, e o país adormece embalado pelo noticiário das oito.

A liberdade de imprensa não se perde com censura — perde-se com comodidade.
Com o subsídio fácil, o favor prometido, o jantar com o ministro.
Com o editor que telefona e diz: "Essa história é melhor não sair agora."

Mas a verdade, essa velha indisciplinada, não morre.
Esconde-se nos cantos, nos blogues, nas vozes que ainda ousam dizer não.
E quando regressar — porque regressa sempre — há-de trazer consigo a fúria dos que se cansaram de ser enganados.

"Um país que cala os seus jornalistas é um país que aceita as suas correntes."

Que este manifesto sirva de lembrete:
a palavra é uma arma.
E o silêncio — é cumplicidade.


Manifesto poético-crítico · Publicado em Fragmentos do Caos
Edição Especial — Contra o Teatro da Mediocridade

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