Montenegro: O Moralista Sobre o Alçapão

💣 Montenegro e a Sua Ética de lodo
Por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen · Fragmentos do Caos / SofteLabs
Luís Montenegro abriu hoje a boca para dizer que "a ditadura é ela própria a corrupção". Disse-o com aquele tom compenetrado de quem acredita estar a citar um clássico da moral. Mas o que saiu não foi uma lição de ética — foi apenas o som de mais um cano a pingar no subterrâneo do poder.
Montenegro fala de ética com a naturalidade de quem nunca a praticou. É o perfume sobre o lodo — o discurso sobre a decadência.
1️⃣ A moral de superfície
Vivemos num país onde a moral serve para abrir telejornais e encerrar consciências. Montenegro fala em ditaduras passadas porque não tem coragem para falar das democracias corruptas do presente. É o truque clássico do político português: atacar o morto para esconder o apodrecido.
Em 2025, a corrupção não se veste de uniforme nem se refugia em segredos de Estado. Anda de fato Hugo Boss, frequenta programas de comentário político e fala em "reformas estruturais". A diferença é que agora o lodo tem assessores de imprensa.
2️⃣ A ética de conveniência
Montenegro encarna a nova religião do poder: a ética de conveniência. Uma moral elástica, moldada aos interesses de quem governa. Fala-se em transparência enquanto se distribuem cargos, fala-se em meritocracia enquanto se nomeiam amigos, fala-se em austeridade enquanto se compram carros de luxo com orçamento público.
A ética portuguesa é um detergente — lava tudo, mas nunca limpa nada.
O que cheira mal não é o país. São os discursos perfumados de quem o suja.
3️⃣ A corrupção é sistémica
Não é um problema de indivíduos — é uma cultura. Uma rede oleosa onde política, negócios e imprensa se misturam num conluio permanente. O Estado é um banquete onde os convivas mudam, mas o menu é sempre o mesmo: contratos, favores, consultorias e impunidade.
Montenegro é apenas mais um garçom neste restaurante de poder — serve com o mesmo sorriso hipócrita, a mesma promessa moral, o mesmo apetite voraz.
4️⃣ A retórica do lodo
Quando o primeiro-ministro fala de ética, o país devia rir-se — não por desrespeito, mas por instinto de sobrevivência. Porque é a retórica do logo e do logro: contaminada à superfície, putrefacta no fundo. Nenhum discurso é tão perigoso como aquele que se quer moralizador num país moralmente falido.
É o mesmo moralismo que condena as ditaduras enquanto normaliza a mentira institucional; que se indigna com o passado e se ajoelha ao presente.
A corrupção em Portugal já não se combate — gere-se. É o nosso petróleo subterrâneo.
5️⃣ Conclusão: ética com lodo à vista
Montenegro quer ser o moralista do regime. Mas a sua ética é feita do mesmo material que os tubos do subsolo — gasta, oxidada, a transbordar hipocrisia. A verdadeira decência não se proclama — pratica-se. E Portugal não precisa de sermões; precisa de limpeza.
O poder em Portugal fede. E não é por falta de perfumes — é por excesso de lodo.
Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
Fragmentos do Caos · Outubro 2025