Indexação no Luxemburgo, ilusão em Portugal

Luxemburgo sobe salários, Portugal sobe promessas
Box de Factos
- Salário médio Luxemburgo (2º trimestre 2025): Valor mensal 6.966,17 €
- Aumento face a 2024: +704 € num trimestre
- Crescimento: +3,6%
- Razões principais: Indexação automática + Apoios estatais às empresas
Introdução
Enquanto no Luxemburgo um trabalhador vê o salário crescer 704 € num só trimestre, em Portugal um aumento de 30 € já é motivo de festa e propaganda. O contraste não é apenas económico, é político e civilizacional.
A realidade luxemburguesa
O Luxemburgo aplica um sistema de indexação salarial: quando os preços sobem, os salários sobem também. Sem debates infindáveis no parlamento, sem falsas promessas eleitorais. É uma regra clara, justa e automática.
Além disso, o Estado apoia as empresas nos períodos mais críticos. O chamado Solidaritéitspak 3.0 compensou os empregadores pelas contribuições adicionais, evitando que o peso recaísse sobre os trabalhadores. Resultado? Um pacto social robusto que garante prosperidade e estabilidade.
O contraste português
Em Portugal, o salário médio mal arranha os 1.500 € mensais (e a mediana é ainda mais baixa). Aqui, o aumento anual de 20 ou 30 € é tratado como um triunfo político, enquanto metade da população continua condenada a viver com rendimentos de sobrevivência.
Não há indexação real, não há proteção efetiva contra a inflação, não há visão. Há apenas caciquismo, propaganda e promessas adiadas. Décadas de mediocridade e corrupção institucionalizada deixaram o país preso a salários de miséria.
Reflexão crítica
O Luxemburgo mostra que não se trata de sorte ou destino. Trata-se de decência política e de uma escolha clara: proteger quem trabalha. Portugal escolheu o contrário — proteger interesses de elites, banqueiros e partidos, deixando milhões para trás.
Somos pobres não por destino, mas por decisão política.
Conclusão
Portugal podia ser Luxemburgo. Mas insiste em ser apenas Portugal — o país das promessas pequenas, dos salários mínimos e das ambições encolhidas. Um país onde o futuro se gasta em discursos, enquanto outros constroem prosperidade com visão.
Artigo publicado em Fragmentos do Caos · Francisco Gonçalves