Europa : Entre a Barbárie e o Silêncio

O Mundo à Beira do Abismo: Entre Tiranos, Covardes e Bárbaros
Imagem simbólica – a Europa em chamas, sob as bandeiras da tirania.
O planeta gira, mas o rumo perdeu-se. Entre a insânia dos tiranos e o silêncio dos covardes, o mundo ocidental aproxima-se do abismo — não o abismo das armas, mas o da consciência. Trump aperta a mão de Putin com a descontração de quem ignora a História. E a Europa, outrora farol da razão e da liberdade, assiste ao colapso moral do seu próprio ideal, perdida em cimeiras onde se repete há três anos o mesmo discurso — sem alma, sem força, sem norte.
Vivemos na era da inversão moral: os tiranos são cortejados, os terroristas são romantizados, e os democratas são acusados de intolerância. O absurdo instalou-se como doutrina política e a mentira tornou-se o cimento do discurso global. A civilização europeia, cansada de si própria, curva-se perante a chantagem dos fortes e a indiferença dos seus filhos.
Trump e os Novos Bárbaros
Nos Estados Unidos, o regresso de Trump não é apenas o regresso de um homem — é o regresso do instinto sobre a razão. Trump não representa uma ideologia, representa um vazio. Um vazio ruidoso, populista, narcisista, que pretende resolver as guerras do mundo como quem apaga velas de aniversário — soprando. Ao querer "acabar com todas as guerras" por capricho pessoal, sem compreender o preço da liberdade, ele abre caminho à vitória dos que não acreditam em liberdade alguma.
Putin, do seu Kremlin de sombras, sorri. Sabe que o Ocidente está cansado e dividido. Sabe que basta um gesto de fingida diplomacia para quebrar o último elo moral da Europa — e Trump é o seu cúmplice perfeito: o colaboracionista que não sabe que é joguete do déspota.
A Europa de Joelhos
Bruxelas continua a reunir-se, a emitir comunicados e a garantir que "a unidade prevalecerá". Mas prevalecerá o quê, se a Europa já não tem voz, nem fé, nem coragem? As palavras dos seus dirigentes soam a epitáfio de um ideal que já só existe em manuais escolares. Enquanto os tanques russos continuam a moer a Ucrânia, os chanceleres trocam sorrisos protocolares. E o que resta da civilização europeia — essa herança de Sócrates e de Kant — transforma-se em ruínas douradas de um império moral que esqueceu o porquê de existir.
O Médio Oriente e a Cegueira Moral
No Médio Oriente, a única democracia é acusada de todos os males. O terrorismo é tratado como resistência legítima. E o fanatismo, outrora condenado, é agora tolerado em nome da "compreensão cultural". O Ocidente, de joelhos perante o seu próprio medo, já não distingue vítimas de carrascos — e começa a achar normal a barbárie, desde que venha embrulhada em discursos relativistas.
As ruas europeias, que antes clamavam por liberdade, hoje ecoam slogans vazios onde a moral se dissolveu na moda. A civilização ocidental, outrora feita de coragem e pensamento, tornou-se um mercado de arrependidos, incapaz de defender a verdade, com receio de ofender a mentira.
Entre o Fogo e a Esperança
Mas nem tudo está perdido. Nas sombras ainda arde uma chama — ténue, mas viva. É a chama dos que não se calam, dos que ainda acreditam na dignidade humana, dos que recusam a manipulação e a mentira. A civilização europeia pode ter esquecido o seu propósito, mas a memória dos que morreram por ela ainda ressoa nas pedras das suas praças e nas palavras dos que resistem.
O mundo pode estar à beira do abismo, mas há sempre um instante antes da queda. E é nesse instante que se mede a coragem de uma civilização. A História julgará os tiranos — mas também julgará os covardes.
Francisco Gonçalves |
Augustus Veritas Lumen
Para o projecto Fragmentos do Caos – Série Contra o Teatro da Mediocridade