Europa: A Arte de se Calar diante do Fogo

O Silêncio da Europa no Palco da Paz
Crónica crítica • Fragmentos do Caos
Box de Factos
- Israel: potência regional com apoio consistente dos EUA.
- Palestinianos: Autoridade fragilizada e o peso do Hamas.
- Europa: a grande ausente, sem discurso firme nem ação concertada.
A União Europeia tinha tudo para ser árbitro moral no Médio Oriente. No palco real, porém, vemos hesitação, fragmentação e um silêncio que pesa como chumbo.
Uma voz que se perdeu
Proximidade geográfica, história partilhada e vocação multilateral — a Europa poderia articular um equilíbrio que falta. Em vez disso, ouvimos um coro dissonante: França ensaia discursos, Alemanha calcula interesses, Hungria bloqueia, Espanha hesita. O resultado não ressoa em lado nenhum.
O peso da inércia
Enquanto Washington apresenta "planos" como quem lança brochuras de condomínio, a Europa assiste da bancada. O vazio é ocupado pelos EUA — inclinados para Israel — e por atores regionais com agendas próprias (Irão, Turquia, Qatar). O Médio Oriente não espera: burocracia europeia é sinónimo de irrelevância incremental.
O duplo reconhecimento
Precisamos de uma frase simples e corajosa, dita sem tremor: Israel tem direito a existir em segurança e os palestinianos têm direito a um Estado viável, digno e soberano. Não é alinhar com um lado: é alinhar com a paz. Falta vontade política — e talvez coragem moral.
Epílogo
A Europa conhece o custo de muros, exílios e fronteiras arbitrárias. Ainda assim, cala-se. O incêndio arde à porta de casa e o continente fecha as janelas para abafar os gritos. O silêncio, aqui, não é neutralidade: é abdicação.
Sem voz europeia, o diálogo de surdos continua — e só o eco das armas fala.
Imagem adicional (tabuleiro desequilibrado)