Bruxelas Quer o Teu Cofre, Mas Não o dos Ricos

A Nova Fome de Bruxelas: As Poupanças dos Povos
"A Europa já não sabe criar riqueza — apenas redistribuir a ilusão do que resta."
Bruxelas descobriu uma nova fome: a fome pelas poupanças dos cidadãos. A Comissão Europeia quer pôr a render os €200 mil milhões que os portugueses guardam nos bancos, argumentando que "parados" não servem a economia. Mas, curiosamente, ninguém fala dos trilhões escondidos nos paraísos fiscais, nem das fortunas que escapam todos os anos às malhas fiscais com o beneplácito dos próprios governos.
Em vez de combater a evasão fiscal das grandes multinacionais, a Europa escolhe a via mais fácil — transformar o cidadão comum num investidor involuntário. Querem canalizar as poupanças do povo para o mercado, mas não para criar futuro: apenas para alimentar o sistema financeiro que vive de promessas e juros.
É o velho truque da elite: moralizar a poupança dos pobres e legitimar o roubo dos ricos. Enquanto isso, as fortunas abrigadas em contas discretas nas Ilhas Caimão, em Malta, no Luxemburgo ou na Holanda, continuam a crescer — sem risco, sem impostos e sem escrutínio.
Portugal é apontado como "um dos poucos países sem regime de contas de investimento", mas talvez seja um dos poucos que ainda não transformou a prudência popular em mercadoria. Os mesmos que nos exigem responsabilidade são os que desviam o olhar das gigantes tecnológicas e financeiras que drenam o sangue fiscal do continente.
A Europa já não tem coragem para enfrentar os verdadeiros predadores. Prefere morder o trabalhador, o reformado, o pequeno aforrador. É o sintoma de um império em agonia: quando o sistema se alimenta do próprio povo, já não é governo — é parasita.
Os tempos que se aproximam exigem lucidez e resistência. O cidadão europeu deve abrir os olhos e perceber que a sua conta bancária é agora o novo campo de batalha. Porque, quando o poder político se ajoelha ao poder financeiro, o próximo saque não vem de fora — vem de dentro do teu cofre.