O Bloco de Escada e o Teatro da Indignação

Box de Factos:
– O BE exige a demissão de Nuno Melo por alegada "obediência a Israel".
– Joana Mortágua fala em portugueses levados para "centros de detenção no deserto".
– O Bloco mantém histórico de simpatias e silêncios perante ditaduras convenientes, como a Rússia de Putin ou regimes bolivarianos.
– Mais uma vez, a encenação substitui o conteúdo político.

O Bloco de Esquerda voltou a subir ao palco do teatro nacional da indignação. Desta vez, com Joana Mortágua a dramatizar que portugueses teriam sido levados para um "centro de detenção no deserto", pedindo de imediato a demissão de Nuno Melo. O guião é sempre o mesmo: transformar um episódio complexo em peça melodramática.

Mas a sátira da história está no contraste: um partido que se indigna com a suposta "obediência a Israel" é o mesmo que, tantas vezes, se manteve cúmplice perante ditaduras bem mais violentas. Silêncios perante o regime de Putin, indulgência com os chavismos falhados da América Latina, simpatia com tiranias embrulhadas em retórica revolucionária. É a velha lógica: indignação seletiva e moralidade à la carte.

O Bloco não governa, não resolve, não assume responsabilidade — mas grita. E quanto mais alto grita, mais esconde a sua irrelevância prática na vida real dos portugueses. O salário mínimo continua a ser miséria, a habitação é um pesadelo, a corrupção campeia, e o BE? Discute flotilhas e desertos.

O Bloco de Escada é a caricatura da política portuguesa: muito barulho no átrio, zero soluções no país real.

Num país falhado, este tipo de encenação ainda consegue tempo de antena. Enquanto isso, a justiça social, a educação e a saúde ficam esquecidas. O Bloco existe para protestar, não para construir. Existe para acusar, não para propor. Existe para encenar, não para governar.

O povo português merece mais do que slogans de corredor. Merece coragem, ética e soluções. Mas do Bloco só vem barulho — um eco perdido na escada do poder.

— Francisco Gonçalves, Contra o Teatro da Mediocridade
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