O Coliseu dos Tolos Digitais

O Twitter / X em Portugal tornou-se um lixo — um depósito fervente de ódio, onde os tolos se insultam como gladiadores numa varanda campal. E são felizes assim, na ilusão de que venceram um debate que nunca existiu. As lanças já não são de ferro, mas de palavras toscas e certezas ocas. A cada novo "tweet", o ego exige sangue fresco.

Vivemos a era da indignação performativa. Cada qual grita para o abismo digital, esperando que o eco lhe devolva aplausos. Já não se procura compreender — apenas destruir, humilhar, anular. O anonimato deu coragem aos cobardes, e a vaidade fez dos ignorantes pequenos deuses de barro.

As redes, outrora promessas de diálogo e partilha, tornaram-se espelhos partidos. E em cada fragmento, um reflexo distorcido do mesmo rosto: o do ser humano perdido entre a necessidade de ser visto e o vazio de nada ter para dizer.

Há quem chame a isto liberdade. Mas que liberdade é esta que exige a destruição do outro para se sentir viva?

Enquanto os tolos berram, os sábios recolhem-se. E é nesse silêncio — cada vez mais raro e precioso — que ainda nasce o pensamento verdadeiro. O que resta é resistir à tentação do ruído, não ceder ao apelo do coro, e lembrar que, no fim, o coliseu sempre se esvazia… e o eco dos gritos morre sozinho.

© Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen — Série Contra o Teatro da Mediocridade
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