A Justiça Popular contra o Teatro da Corrupção

Teatro da Justiça Popular
A Farsa do Processo Sócrates
(Peça em três atos e muitos envelopes)
Personagens:
- O Juiz da Consciência Popular – toga negra, ironia afiada.
- José Sócrates – arguido, ex-primeiro-ministro, eterno inocente de si mesmo.
- O Povo – plateia revoltada, ora ri, ora chora, mas sempre paga a conta.
- O Escriba – anota tudo, suspira muito.
Ato I – A entrada triunfal
[O Juiz bate com o malhete. Sócrates entra, sorridente, como quem regressa de Paris, e o Povo murmura.]
Juiz: Visto e relatado. O arguido governou como quem faz compras num shopping alheio. Viveu como príncipe, viajou como marajá e gastou como se o erário fosse um cartão de crédito ilimitado.
Povo (em coro): E quem pagou fomos nós!
Sócrates (arrogante): Meritíssimo, eram apenas empréstimos de amigos… [risos gerais na plateia]
Ato II – A sentença irónica
[O Juiz ergue-se, a toga esvoaça, e a sala silencia.]
Juiz: A lei humana, lenta e coxa, pode absolver. Mas a lei moral decreta:
- Confisco de todo o património que não cabe no recibo de vencimento.
- Condenação a viver com o salário mínimo, para aprender a somar trocos.
- Serviço comunitário: ensinar economia doméstica em bairros desfavorecidos, começando pela lição "como sobreviver sem envelopes".
- Pena acessória: ficar eternamente na História não como filósofo, mas como exemplo de falência nacional.
Povo (batendo palmas): Finalmente, justiça!
Ato III – O epílogo
[O Escriba fecha o livro de atas, suspira fundo. O Juiz fala à plateia.]
Juiz: Pelo exposto, julgo o arguido moralmente culpado. E em nome do povo português declaro: não há recurso, prescrição ou envelope que o salve da memória coletiva.
Povo (rindo e chorando): Amém!
[Luzes descem. Sócrates olha em volta, como quem procura mais um amigo generoso. O pano cai ao som de gargalhadas amargas.]
Fim da peça.
Apresentada em praça pública, com bilhetes pagos pelo contribuinte.