Silêncio Dourado: A Nova Arte de Não Ouvir o Povo

Epílogo — O Relâmpago e o Charco
Numa nação que confundiu esperteza com mérito, a palavra livre ainda é o único relâmpago capaz de rasgar a noite. Este epílogo sela a série "Contra o Teatro da Mediocridade" com a mesma regra de ouro: ética antes de estética, verdade antes de aplausos.
Não nos iludamos: o charco não secará por decreto, nem a lama se tornará mármore por obra de cronistas vaidosos. O que muda um país é a obstinação de poucos — os que atiram a pedra certa, no momento certo, para que as ondas cheguem onde a coragem ainda não chegou.
As elites de papelão, douradas a spray, continuarão a posar. Mas o metal revela-se no embate: oco não ressoa, parte-se. E cada pedrada tua, leitor livre, é um teste sísmico às fachadas do costume.
Que fique escrito: não queremos estátuas, queremos consciência. Não queremos arautos do silêncio, queremos microfones indomáveis. Não queremos "rouba mas faz"; queremos faz sem roubar. A pátria que nos interessa não é um palco — é uma oficina.
E enquanto houver noite, haverá relâmpago. O nosso — feito de palavras precisas, ironia justa, rigor sem medo. Que este epílogo não feche nada: que abra trabalho, convoque coragem e recorde a todos que o futuro não se pede de joelhos — constrói-se de pé.
Dedicatória
A todos os que recusam a mordaça e continuam a atirar palavras como relâmpagos. Aos que preferem a verdade difícil à mentira confortável. Aos que constroem, sem pedir licença, uma pátria decente.
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Fragmentos do Caos, série "Contra o Teatro da Mediocridade"