🧱 O País das Caixinhas: Como Portugal Mata a Inovação em Organigramas

O Organigrama da Mediocridade — A Morte da Inovação em Portugal
A maioria das empresas portuguesas, públicas e privadas, continua a estruturar as suas áreas de Tecnologias de Informação com base em organigramas hierárquicos concebidos por gestores sem formação tecnológica. O resultado: equipas desarticuladas, incapazes de inovar ou definir estratégias de futuro. A inovação morre no Excel — antes mesmo de nascer.
Em Portugal, tudo começa com um organigrama. Antes de se falar em missão, tecnologia ou visão, desenha-se uma grelha. Uma estrutura vertical, feita de caixinhas e setas, onde se pretende colocar a "equipa de IT". E é aí, nesse ato burocrático e quase litúrgico, que a inovação começa a morrer.
Em vez de se pensar em ecossistemas ágeis, pensam-se feudos. Em vez de se promover inteligência coletiva, promovem-se hierarquias artificiais. E, para completar o desastre, entrega-se o recrutamento a profissionais de Recursos Humanos que, sem culpa mas sem base, não distinguem um protocolo TCP/IP de uma tomada elétrica. Contratam-se profissionais de buzzwords, no modelo importado de "body shopping". Leia-se "escravos" dóceis e adaptados a receber ordens, como se o cérebro deles estivesse sempre a voar pelas janelas.
💼 As Caixas Vazias do Organigrama
O processo é quase sempre o mesmo. Primeiro desenha-se a estrutura "ideal": diretor, coordenador, gestor, técnico sénior, técnico júnior, assistente. Depois vem o pedido: "procurem-me recursos para preencher estas funções". Como se a tecnologia se fizesse de cargos e não de competências, como se um sistema se construísse por decreto.
O resultado é previsível — equipas disfuncionais, lideradas por quem nunca liderou um projeto real, cheias de intermediários que não criam, não inovam e não compreendem a natureza do trabalho que supervisionam. São fábricas de entropia, onde o pensamento tecnológico é reduzido a relatórios e reuniões infindáveis de status.
"Em Portugal, a tecnologia ainda obedece ao chefe e não à ideia."
⚙️ O País que Não Quer Visionários
Nas empresas portuguesas, falar em visão tecnológica é quase heresia. Quem pensa fora da caixa é visto como ameaça. Quem propõe inovação é rotulado de "difícil". Quem fala de automação, cloud, inteligência artificial ou integração de processos é recebido com olhares de tédio e desconfiança.
A verdade é simples: o país não cria estruturas voltadas para o futuro — cria departamentos que replicam o passado. Enquanto o mundo acelera, nós continuamos a criar chefias intermédias para supervisionar tarefas que já podiam estar automatizadas.
Não há estratégia tecnológica; há gestão administrativa da tecnologia. E é assim que se mata o génio — com atas, relatórios e reuniões onde ninguém entende o que está a discutir.
🌍 Inovar é Derrubar Hierarquias
A inovação nasce do erro, da colaboração e do caos criativo — não da obediência cega. As empresas que lideram o futuro aboliram o organigrama clássico: operam em células, redes e projetos abertos, onde a liderança é fluida e o conhecimento é soberano. Mas Portugal insiste no modelo do "chefe com gabinete" e "colaborador com autorização".
Talvez por isso tantas startups partam, e tantos talentos fujam. Não fogem da pátria — fogem do organigrama.
"O futuro não cabe numa hierarquia. Cabe numa ideia — e numa mente livre."
Criar a Próxima Onda: O Futuro Pertence a Quem Ousa
Série: Contra o Teatro da Mediocridade
Artigo autoria de 📖 Francisco Gonçalves