Os Parasitas do Bem Comum

— Quando o resgatado cobra juros ao seu salvador —

banca em ruínas

A banca portuguesa continua a comportar-se como uma aristocracia financeira que vive acima do país real. Foram os contribuintes que a salvaram da falência — mas é a banca que, sem vergonha, continua a sugar o povo com juros extorsivos e taxas usurárias. E quando alguém, como Miranda Sarmento, lhes lembra a evidência, respondem ofendidos, com a arrogância de quem se crê intocável: "já pagamos contribuições extraordinárias".

Extraordinário é o atrevimento.

O sistema financeiro português é o espelho da perversão moral do capitalismo de compadrio: privatiza os lucros e socializa os prejuízos. Quando há bonança, distribuem prémios milionários e dividendos obscenos; quando chega a tempestade, choram piedade ao Estado, pedindo resgate com o dinheiro de quem nada tem. E o povo — generoso e distraído — paga a conta, acreditando que o sistema tem de ser "salvo para evitar o colapso".

Mas o colapso, é o que já vivemos. É o colapso moral de um país onde o trabalhador paga para sustentar o banqueiro, onde a banca se apresenta como vítima, e o contribuinte é o culpado do próprio sofrimento. É um teatro grotesco onde os protagonistas vestem gravatas de seda, mas a alma é de chumbo.

Quantos milhões foram injectados no BPN, no BES, no BANIF, na Caixa, na galeria infindável de desastres financeiros? Todos pagos com o suor do povo. E em troca, o que recebemos? Mais comissões, mais juros, mais arrogância e mais miséria.

Esta é a verdade nua: a banca portuguesa não é um motor da economia — é o seu travão, o seu parasita. Vive de um sistema que recompensa o rentismo e castiga o trabalho. E enquanto o Estado continuar ajoelhado perante os seus altares de betão, o povo permanecerá em penitência eterna.

Box de Factos:

  • Desde 2008, o Estado português canalizou mais de 20 mil milhões de euros para resgatar bancos.
  • Em 2024, os bancos nacionais registaram lucros recorde acima dos 4 mil milhões de euros.
  • As taxas médias de juro para crédito à habitação atingiram máximos históricos de 4,5%.

A banca diz que paga "impostos extraordinários". Pois que pague — e que aprenda, finalmente, o significado de justiça social. Porque quem vive de resgates públicos e cobra juros ao seu próprio salvador não é instituição financeira: é monstro moral travestido de gestor.

Augustus Veritas Lumen
em colaboração com Francisco Gonçalves | Fragmentos do Caos

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