Austeridade Clínica: Quando a Tesoura Substitui o Estetoscópio

Série «Contra o Teatro da Mediocridade» — por Francisco Gonçalves

Corredor de hospital quase vazio — contenção orçamental no SNS
Imagem simbólica

Box de Factos

  • Em 2022, os hospitais públicos portugueses acumulavam défices equivalentes a cerca de 2,5 % do PIB.
  • 89,6 % dos portugueses acreditam que o SNS se está a deteriorar e 85,1 % receiam não obter os cuidados de que precisam.
  • A despesa pública em saúde rondava 10,6 % do PIB em 2022, com participação pública abaixo da média europeia.

Uma Ordem que Contradiz a Razão

Exigir cortes de despesa hospitalar mesmo com abrandamento da actividade é uma contradição estrutural: se a actividade diminui, as necessidades fixas não desaparecem; se cresce, cortar significa sacrificar meios essenciais (pessoal, equipamentos, manutenção, medicamentos). É como pedir a um bombeiro que poupe água em pleno incêndio.

As Implicações para o Futuro

  1. Aumento das listas de espera — atrasos em consultas, diagnósticos e cirurgias.
  2. Desigualdade acentuada — quem pode vai ao privado; quem não pode, espera ou desiste.
  3. Desmotivação e fuga de profissionais — pressão a subir, qualidade a descer.
  4. Ciclo de degradação — menos investimento → serviços mais fracos → menos confiança → migração para o privado → enfraquecimento do público.

E Agora, o Que Fazer?

  • Dashboards públicos em tempo real sobre urgências, listas de espera e recursos.
  • Modelos preventivos e comunitários para aliviar a pressão hospitalar.
  • Rever financiamento: cortar desperdício, não o essencial.
  • Cultura de responsabilidade e inovação, não apenas de contenção.

"Quando o Estado fecha o pulso, o sangue da sociedade começa a rarear."


Publicado em https://www.fragmentoscaos.eu

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