Camões falava de feitos titânicos, de homens que erguiam mundos com coragem além do limite.
Nós, portugueses do século XXI, também fazemos mais do que promete a força humana… mas apenas em prometer.

"Mais que prometia a força humana"
Os Lusíadas

Prometemos autoestradas digitais que acabam em buracos de fibra ótica mal remendada.
Prometemos linhas de comboio de alta velocidade que não chegam sequer à velocidade do pensamento.
Prometemos reformas estruturais que se evaporam como nevoeiro em manhã de inverno.

A pátria tornou-se campeã olímpica em anúncios grandiloquentes:

  • Projetos que cabem em powerpoints mas não cabem no orçamento.
  • Obras que têm maquetes 3D mas nunca têm alicerces.
  • Estratégias que existem em relatórios, mas não em realidades.

O povo aplaude, como sempre:
— "Agora é que vai ser!"
E meses depois, olha em redor e percebe que o agora já passou, e nada foi.

Em Portugal, o épico não está nos feitos: está nas palavras.
Aqui, a força humana não é para conquistar mares: é para aguentar pacientemente a sucessão de promessas que nunca se cumprem.

Camões choraria. Nós já nem choramos: rimo-nos, resignados, da epopeia sem heróis que é a nossa vida coletiva.


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Artigo autoria de 📖 Augustus Veritas

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