🖤 Portugal, Estado Negro

Por Augustus Veritas, com Francisco Gonçalves

"Entre ter e não ter, entre nascer no berço certo ou no esquecimento social, o país revela-se: uma terra desigual vestida de promessas ocas."

⚖️ A Radiografia da Vergonha

O mais recente relatório da OCDE"Ter e Não Ter – Como Ultrapassar a Desigualdade de Oportunidades" — traça um retrato inquietante:
Portugal ocupa o segundo lugar entre os países mais desiguais da organização.
Apenas os Estados Unidos da América nos ultrapassam. E, se adicionarmos três países candidatos, caímos para quarto lugar entre 32, ombreando com nações como a Bulgária, marcadas por décadas de transição difícil, corrupção institucional e perda de capital humano.

Um país da Europa Ocidental, com décadas de fundos europeus, com instituições "consolidadas", com mar e sol — e mesmo assim, onde se nasce continua a determinar mais do que o talento, o esforço ou a ambição.

📉 O que este relatório denuncia?

  • Que o local onde se nasce em Portugal determina, quase irreversivelmente, o futuro escolar e profissional.
  • Que as crianças das famílias pobres têm menos acesso a cuidados de saúde, educação de qualidade e oportunidades de mobilidade social.
  • Que a pobreza é hereditária — e o Estado, longe de ser o elevador social, é frequentemente o zelador da escada partida.

🧠 Onde falhámos?

  • Numa educação estagnada, onde as escolas públicas dos bairros pobres colapsam e os professores são tratados como figurantes de uma peça orçamental.
  • Numa justiça que dorme nas prateleiras da burocracia, onde os corruptos escapam pela porta do fundo e os pobres enfrentam o Estado como um colosso cego.
  • Numa governação capturada por interesses, dinastias partidárias, caciquismo local e populismo de selfie.
  • Numa ausência brutal de política de habitação, de reindustrialização e de apoio real às famílias de baixos rendimentos.

🌍 E agora?

Portugal tornou-se um país onde o talento emigra e o conformismo prospera.
Onde a esperança murcha no salário mínimo e a dignidade adormece em tendas nas cidades.
Onde um jovem pobre de Bragança ou da Amadora tem menos probabilidades de ascender na vida do que um jovem de Oslo ou Paris — ou até mesmo de Bucareste.

🛑 Isto não é um retrato momentâneo. É um alerta existencial.

Ou Portugal desperta e muda radicalmente a sua arquitetura de oportunidades,
ou será eternamente o país do "quase", da fuga de cérebros e da pobreza de espírito institucional.

"Portugal, Estado Negro."

Porque a luz que não se acende nas oportunidades, acende-se nas revoltas.
E um dia, como bem avisava Agostinho da Silva,
seremos obrigados a fazer da liberdade um pão partilhado, e não apenas uma bandeira ao vento.




Francisco Gonçalves & Augustus Veritas
— por uma lucidez que incomode e desperte.

🌌 Fragmentos do Caos: Blogue Ebooks Carrossel
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