Hezbollah, Palestina e o Perigo de um Estado Capturado

Quando o reconhecimento se torna uma armadilha

Hezbollah, Palestina e o Perigo de um Estado Capturado

No dia 19 de setembro de 2025, o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou:

"Israel é o principal inimigo da região." E apelou à unidade regional em torno dessa ideia.

Esta frase, vinda do núcleo do grupo armado xiita libanês — fortemente apoiado pelo Irão e com laços estratégicos com o Hamas — lança uma sombra espessa sobre as recentes decisões de países europeus de reconhecer o Estado da Palestina.


🎭 O risco de legitimar o inimigo da paz

O que era suposto ser um gesto de justiça e diplomacia — reconhecer o direito dos palestinianos a um Estado — corre o risco de se tornar um erro estratégico colossal. Porque, no atual contexto, não está garantido que esse Estado nasça livre de captura extremista.

O Hezbollah não esconde a sua intenção: aproveitar o reconhecimento para unir milícias e estados sob a bandeira do ódio a Israel. A sua frase é clara: "Israel é o inimigo comum. Unamo-nos."

Este não é um discurso de autodeterminação. É um grito de guerra religiosa, política e ideológica.


📌 Reconhecer um Estado ou legitimar um campo de batalha?

A pergunta que poucos se atrevem a fazer é esta:

Estamos a reconhecer um futuro Estado Palestiniano soberano?
Ou estamos, sem querer, a legitimar uma zona cinzenta, infiltrada por braços armados do Irão, pelo Hamas, pelo Hezbollah e por outras forças que só conhecem uma linguagem: a destruição?

O Hamas continua ativo, armado, com apoio popular em Gaza. O Hezbollah avança com retórica agressiva. O Irão mantém financiamento e armas. E a Rússia, nas sombras, aproveita-se da desordem.

Neste quadro, reconhecer um Estado Palestiniano sem garantias mínimas de desmilitarização, neutralidade e supervisão internacional é como construir uma casa sobre terreno sísmico — e assinar a escritura com os olhos vendados.


🛡️ O que seria necessário

Para que o reconhecimento não se transforme em legitimação do extremismo, seria necessário:

  • Um plano internacional de segurança e estabilização, estilo "Kosovo" ou "Timor".
  • A desmilitarização total das milícias armadas, com apoio dos países árabes moderados.
  • Um governo palestiniano unido, legítimo, laico e aceite pelas Nações Unidas.
  • Supervisão internacional da educação, da imprensa e do uso de fundos externos.

Sem isso, estamos apenas a pintar uma bandeira sobre um campo de treino.


🧭 Conclusão

O reconhecimento do Estado da Palestina deve ser um passo rumo à paz — não um presente envenenado oferecido aos arquitetos do ódio.

Enquanto vozes como as do Hezbollah ecoarem livremente, apelando à guerra sob o disfarce da resistência, reconhecer a Palestina sem blindagens é como pousar um facho aceso num palheiro encharcado de gasolina geopolítica.

"Se a liberdade não for protegida da tirania, ela será apenas um eco da violência com nome de Estado."
Negociar com o Terrorismo : Um Aviso à Diplomacia Europeia que navega à vista da costa.
"Negociar com terroristas é fazer um pacto com o mal extremo." — Francisco Gonçalves

Há momentos em que a diplomacia não é prudência — é cobardia disfarçada de neutralidade. Quando o mundo estende a mão ao terror, não oferece paz — oferece legitimidade ao crime.

O terrorista não é um negociador. Não busca compromisso, mas rendição. A sua lógica é binária: vencer ou matar, dominar ou destruir. Ele não escuta — espera pela fraqueza do outro.

Artigo por Francisco Gonçalves, com coautoria de Augustus Veritas — Fragmentos do Caos, Setembro 2025.

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