A República das Juntas: Corrupção em Nome da Pátria Local

por Francisco Gonçalves (com Augustus Veritas)

🚨 Alerta:
Se um dia o Ministério Público resolvesse investigar todas as Câmaras Municipais de Portugal — sem exceções, sem compadrios — mais de 80% dos autarcas, actuais e passados, teriam de prestar contas nos tribunais. E muitos... teriam de as prestar de fato-macaco.

🏗️ O betão é rei. E o povo, peão.

Durante décadas, as Câmaras Municipais foram o condomínio privado da cleptocracia local.

Aqui, o cimento serve mais para cimentar redes de interesses do que para construir bem-estar.
E os concursos públicos são mais bem afinados que orquestra sinfónica paga com avença.

Presidências de junta transformam-se em tronos feudais.
Empreitadas em esquema familiar.
Votações em moeda de troca.

E o povo?
Contenta-se com rotundas floridas, festas de verão e a promessa de que "se precisares, falo com o vereador".

🧾 As práticas que todos conhecem (mas ninguém denuncia)

  • Obras públicas a serem adjudicadas "por ajuste directo", sempre às mesmas empresas;
  • Parques industriais fantasmas;
  • Contratos milionários de consultoria para amigos e primos;
  • Urbanizações aprovadas com alterações de última hora;
  • Votos comprados com empregos, requalificações e promessas que morrem na ata da Assembleia;
  • Avenças a recibo verde para "prestação de serviços" de quem nem sequer sabe usar email.
Tudo isto sob o pretexto da "proximidade ao cidadão".
Quando, na verdade, é proximidade… ao orçamento público.

⏳ O ciclo vicioso da impunidade

  1. Um escândalo rebenta numa câmara qualquer.
  2. A PJ abre inquérito.
  3. O autarca diz: "tenho a consciência tranquila".
  4. O MP demora 6 anos.
  5. Prescreve.
  6. O autarca volta… como deputado.

💣 Uma auditoria nacional? Impossível — e por isso mesmo urgente

Se houvesse uma auditoria independente, transversal e digital às contas, contratos, adjudicações e redes familiares em TODAS as autarquias do país…

  • ...os tribunais não teriam espaço suficiente.
  • ...as prisões ficariam cheias de ex-edis, engenheiros camarários, assessores e "coordenadores de projetos europeus".
  • ...o país acordaria para o pesadelo da sua própria democracia capturada.

😶 E os partidos? E os governos?

Calam-se.
Protegem-se.
Nomeiam os mesmos de sempre.
Porque os autarcas são peões eleitorais.
Garantem votos, cacicados, transportes para comícios, ruas com bandeiras e eleições que se ganham com jantares pagos.

A democracia local, em Portugal, é muitas vezes um teatro onde o figurante é o povo — e o protagonista, o bolso de quem manda.

Conclusão: a revolta necessária

Não é preciso mais leis.
É preciso mais coragem.

  • Coragem para auditar.
  • Coragem para prender.
  • Coragem para dizer basta.
  • Coragem para votar em rostos limpos — não em slogans gastos.
Porque uma autarquia não é uma herdade.
Uma Câmara não é um cofre privado.
E um autarca não é senhor feudal da sua freguesia.

Portugal não será um país livre enquanto cada Câmara for um microcosmo de corrupção autorizada.

E se ninguém tem coragem para dizer isto nos jornais…
então que o digamos nós. Em voz alta. E em nome de todos os que pagam — e não roubam.

🌌 Fragmentos do Caos: Blogue Ebooks Carrossel
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