Diz-se em Lisboa que um certo Aluvabá — não confundir com o Alibabá, que pelo menos tinha algum engenho — abriu um clube secreto. Não precisava de senha mágica, apenas de microfone e muita vozearia. Mas, em vez de tesouros escondidos, dali só saem personagens que fariam corar até Sherazade.

Primeiro, apareceu um pedófilo, desses que deveriam ser trancados fora da história, mas que entrou sorrateiro como figurante de luxo. Logo depois, um ladrão de malas, especialista em trocas rápidas nos aeroportos da moralidade. E, como se não bastasse, surge agora um incendiário, pronto a atear fogo à decência e deixar o país a arder em cinzas de populismo.

Enquanto isso, Aluvabá, de peito cheio, grita contra a corrupção e os costumes, sem reparar que a sua própria gruta já fede a desordem e contradição. Os quarenta ladrões originais, lá do conto antigo, ao menos tinham um código entre si. Estes, não: são um catálogo de desgraças, cada qual mais caricato que o outro.

E assim, de episódio em episódio, Portugal descobre que as Mil e Uma Noites podem bem transformar-se nas Mil e Uma Vergonhas — onde o verdadeiro feitiço não é "Abre-te, Sésamo!", mas antes o eterno refrão político: "Fecha os olhos, eleitor!"


Artigo e sátira politica da Autoria de Augustus Veritas in Fragmentos do Caos.

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