Cinquenta anos de morna-lidade política
Cinquenta Anos de Cobardia: Do Azarado Azeredo à Mediocridade Nacional
Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
Há figuras que, pela sua pequenez, se tornam símbolos maiores. O "azarado do Azeredo" — ministro que deixou armas desaparecerem em Tancos e hoje, sem rubor, se arvora comentador de guerras e geopolítica — é mais do que um homem. É um retrato fiel de meio século de desgoverno.
Porque não é só ele. É uma linhagem. Cinco décadas de políticos que falham na ação, se escondem nas desculpas, e regressam depois com ares de especialistas. Cobardes até no comentário, sobrevivem num palco onde nunca são julgados pela obra, apenas reciclados pelo sistema, como personagens que nunca saem de cena.
Prudência? Não. É displicência com verniz académico. A narrativa é sempre a mesma: chamar "sensatez" ao conformismo, confundir "cautela" com inércia, vender resignação como se fosse realismo.
Mediocridade sistémica
- Em Tancos, roubaram-se armas.
- Em Kiev, tenta-se roubar uma nação inteira.
- Em Portugal, perdeu-se credibilidade.
- Na Ucrânia, perdem-se vidas humanas todos os dias.
Um Estado que não guarda as suas próprias armas não guarda o seu povo. E quando quem falhou aí se senta depois em frente às câmaras a falar de segurança internacional, não está apenas a comentar — está a exibir como a política nacional se transformou num circo da impunidade.
Cinquenta anos depois, o país não precisa de mais azarados — precisa de coragem, clareza e obra.
Depois de cinquenta anos
A democracia deveria ter sido motor de liberdade e competência. Em vez disso, acomodou carreiras sem coragem. Cada crise é tratada com discursos mornos; cada escândalo, enterrado na espuma dos dias; cada erro, absolvido pelo esquecimento rápido. O resultado está à vista: um país que hesita, que tolera mediocridade e que, por isso, não acelera.
Manifesto mínimo para o próximo meio século
- Accountability real: responsabilidades políticas com prazos e consequências; relatórios públicos pós-mandato.
- Transparência ativa: contratos, consultorias e agendas de poder publicados por defeito, em dados abertos.
- Meritocracia: nomeações técnicas com provas públicas de competência; incompatibilidades a sério.
- Avaliação de políticas: metas mensuráveis e auditorias independentes anuais; financiamento condicionado a resultados.
- Concursos públicos limpos: regras simples, prazos curtos, fiscalização digital e penalizações exemplares.
- Estado enxuto e capaz: menos duplicações, mais interoperabilidade; métricas de serviço por organismo.
- Escola de excelência: foco em ciência, artes e pensamento crítico; formação docente contínua valorizada.
- Justiça com tempo: prazos máximos por fase processual e tecnologia a servir a celeridade.
- Segurança profissionalizada: logística, inventário e auditorias militares com supervisão civil competente.
- Imprensa livre e responsável: transparência de propriedade e incentivos ao jornalismo de investigação.
Portugal não precisa de novos slogans; precisa de normas e de uma cultura cívica que torne a cobardia inviável. A História não muda com um gesto único — muda com um padrão de exigência que não abdica do futuro.
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