TAP: 300 Milhões Como Quem Bebe um Copo de Água

Box de Factos

  • TAP recebeu milhares de milhões em ajudas públicas nos últimos 50 anos.
  • Agora fala-se em indemnizações de 300 milhões de euros.
  • Portugal continua no topo da desigualdade na OCDE.
  • Pobreza é a média nacional — fruto de corrupção e privilégios.

Como se de um gesto banal se tratasse, a TAP fala hoje em indemnizações de 300 milhões de euros — números astronómicos enunciados com a mesma leveza de quem pede um copo de água. Meio século de resgates, nacionalizações, privatizações falhadas, e regressos ao colo do Estado transformaram a companhia aérea numa máquina de devorar impostos, enquanto o cidadão comum permanece refém da precariedade.

Não há ironia mais cruel: em Portugal, pobreza é a média. Somos um país onde se normalizou o salário mínimo como horizonte de vida, enquanto gestores e políticos orbitam em torno da TAP para extrair mordomias. Uma companhia que nunca voou para o povo, mas sempre sobreviveu à custa dele.

Estes 300 milhões poderiam erguer hospitais modernos, equipar escolas, financiar habitação acessível. Mas em vez disso, evaporam-se em mais uma jogada de bastidores. A TAP não é exceção — é apenas o espelho de um sistema que prefere alimentar privilégios do que enfrentar a miséria quotidiana de milhões de portugueses.

Portugal é uma democracia pobre porque continua a ser governado como um feudo de interesses.

Enquanto isso, seguimos voando baixo, presos ao chão da desigualdade. E lá do alto, entre brindes de champagne a bordo, o país da mediocridade continua a ser pilotado por mãos que só conhecem uma rota: a dos privilégios.


Artigo da série Contra o Teatro da Mediocridade, publicado em Fragmentos do Caos.

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