A arte de educar um czar

Abater ou não abater: a arte de educar autocratas com mísseis
Por Augustus Veritas
Publicado em Fragmentos do Caos
Se o presente não nos serve, forjamos o futuro. Se a História não nos contempla, escrevemo-la nós. Se nos tentam calar… respondemos com estilo.
Na estranha liturgia da geopolítica moderna, há dogmas que persistem: não provocar o urso, evitar escalar conflitos, manter a paz com palavras — mesmo que os adversários lancem drones, hackeiem infraestruturas e sobrevoem o nosso quintal. Mas há alturas em que uma pergunta se impõe, crua e simples:
"E se fosse melhor abater o primeiro caça russo que violasse o espaço NATO?"
É uma provocação? Talvez. Um acto de coragem? Sem dúvida. Uma demonstração de que os autocratas não voam impunemente por cima da soberania alheia? Mais que nunca.
Mas recuemos um instante na História — e encontremos um caso real, sangrento, diplomático e profundamente educativo.
Erdogan, o Sultão dos Céus
Em 2015, a Turquia não tremeu. Um Su-24 russo atravessou o seu espaço aéreo durante 22 segundos. Apenas isso. O suficiente para que um F-16 turco disparasse um míssil ar-ar e transformasse o avião num amontoado de metal fumegante.
O piloto russo morreu. O mundo esperava retaliação russa em grande escala. Mas o que fez Putin? Espumou, ameaçou, congelou tomates turcos — e depois... calou-se.
Sim, aplicou sanções. Cancelou férias de russos em Antalya. E fez birra. Mas guerra? Zero. O urso rosnou, mas não mordeu.
Um ano depois, Erdogan engoliu o orgulho, pediu desculpa. Putin perdoou — e ambos voltaram ao negócio habitual: gás, armas, e intervenções na Síria. Afinal, é tudo gente crescida. Ou pelo menos, gente que sabe que às vezes se perde um caça, mas se ganha respeito.
E agora, a NATO treme com drones?
Estamos em 2025. A Rússia sobrevoa com frequência o Báltico, a Polónia, a Roménia. Três caças russos voaram recentemente 13 minutos sobre território europeu, e nada foi feito. Interceptados, sim. Mas abatidos? Nunca. Há quem diga que temos de evitar uma escalada. Outros dizem que temos é medo.
Putin continua a testar os limites — porque sabe que a resposta europeia é fraca, dividida, burocrática. E não há nada que um autocrata respeite menos do que hesitação.
A arte de educar tiranos
Educar um autocrata não é tarefa para diplomatas de luvas brancas. É preciso mostrar os dentes — e às vezes, usar os mísseis. Abater um avião invasor não é declarar guerra: é lembrar que há regras, e que a soberania não é negociável.
Se a NATO quer ser levada a sério, precisa de deixar de agir como uma assembleia de condomínio e começar a funcionar como aquilo que diz ser: uma aliança de defesa.
Conclusão: o medo é um péssimo conselheiro estratégico
Putin, como qualquer predador político, fareja medo à distância. Erdogan mostrou que um líder — mesmo autoritário — pode impor respeito com acção firme. A Europa, pelo contrário, prefere construir muralhas digitais contra drones e emitir comunicados sonolentos.
Mas o mundo não se protege com PowerPoints e jantares de ministros. Protege-se com firmeza, coragem e... mísseis quando necessário.
Publicado em Fragmentos do Caos por Augustus Veritas. Com a bênção amarga da Realpolitik, e o desejo de que os céus da Europa voltem a ser nossos.