A Grande Politiquice Nacional

Crónica satírica •
Em Portugal, a política virou novela: todos os dias um novo episódio, todos os dias um herói de circunstância que, grave e compenetrado, denuncia a "politiquice" — no preciso momento em que a pratica.
📦 Box de Factos
  • Tema: Linguagem vazia como escudo — acusações de "politiquice" para não responder ao essencial.
  • Diagnóstico: Teatro mediático permanente: fala-se da forma, foge-se ao conteúdo.
  • Efeito: Cidadão como espectador pagante do circo — bilhete caro, final sempre adiado.

É quase comovente: um político, rodeado de microfones, a denunciar… a politiquice. É como um peixe a queixar-se da água, ou um padeiro indignado com o cheiro a pão. A palavra serve de cortina de fumo: quando faltam respostas concretas, acusa-se o adversário de politiquice; quando se falha uma promessa, chama-se politiquice às críticas; quando a realidade aperta… adivinha? É politiquice.

Deste modo, a politiquice tornou-se matéria-prima da nossa democracia performativa: fala-se dela para não se falar de mais nada. É um espelho onde todos acusam todos — mas ninguém reconhece o próprio reflexo.

No fecho do espetáculo, o povo — esse, sempre fora da encenação — continua a pagar bilhete para assistir ao circo. Entre tambores e serpentinas, anunciam menos conversa e mais ação… enquanto prolongam a conversa no horário nobre.

Por Francisco & Augustus ✨ • Série: Fragmentos do Caos

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