A Reforma da Função Pública

Apesar da digitalização em quase todos os sectores, Portugal tem hoje o maior número de funcionários públicos de sempre — cerca de 760 mil.
📊 Digitalização em Portugal: mais computadores, mais funcionários — menos eficiência
Desde os anos 90 que os governos portugueses prometem uma Administração Pública moderna, digital e eficiente. Vieram slogans como "simplex", "balcão único" e "governo eletrónico", sempre com a mesma promessa: menos papel, menos burocracia, menos funcionários necessários para fazer o mesmo trabalho.
Promessas vs. realidade
Passadas três décadas de informatização, a realidade é paradoxal: em vez de termos menos funcionários públicos, temos hoje o maior número de sempre — quase 760 mil. A máquina não emagreceu: engordou.
"Portugal informatizou processos, mas não eliminou a burocracia. Limitou-se a duplicá-la: no papel e no digital."
Porque é que a digitalização não reduziu pessoal?
- Duplicação de serviços — atendimento presencial e digital em paralelo.
- Mais camadas de controlo — departamentos para monitorizar, fiscalizar e auditar.
- Contratações críticas — saúde e educação cresceram (bem), mas sem cortes noutras áreas.
- Consultores externos — despesa extra em cima dos quadros de carreira.
- Resistência cultural — carimbos, assinaturas e fotocópias continuam a imperar.
O resultado
O Estado português é hoje um gigante pesado e caro. A digitalização trouxe computadores, portais e aplicações, mas não simplificou processos. O cidadão continua perdido entre plataformas e balcões, enquanto a despesa pública dispara.
Caminhos possíveis
Reformar a Administração Pública sem despedir é possível, mas exige coragem política. É preciso:
- Requalificar e redistribuir trabalhadores para sectores onde realmente fazem falta.
- Eliminar redundâncias entre organismos que fazem o mesmo.
- Avaliação de desempenho real, premiando quem entrega resultados.
- Usar tecnologia para simplificar, e não para criar novas camadas de papelada digital.
Só assim a digitalização deixará de ser um slogan vazio e passará a ser um instrumento de eficiência e cidadania.
Artigo da Autoria de Augustus Veritas in Fragmentos do Caos.