A Europa perante um dilema : Potência Militar ou Irrelevância

Defesa Europeia: Fantasma ou Realidade?
A Europa fala em autonomia estratégica, mas continua dependente dos Estados Unidos para a sua defesa. O discurso é europeu; as armas, os satélites e a logística são americanos. A pergunta é inevitável: existe mesmo uma defesa europeia — ou apenas um fantasma conveniente?
NATO: um guarda-chuva americano
A NATO foi sempre o garante da defesa europeia — mas o garante chama-se Estados Unidos. São eles que fornecem armas de ponta, inteligência global, aviões de transporte estratégico, mísseis de longo alcance e escudos antimísseis. Sem Washington, o guarda-chuva da NATO seria de papel.
Uma indústria de defesa fragmentada
A Europa tem empresas de referência (Airbus, Dassault, Leonardo, Rheinmetall), mas opera em duplicação, nacionalismos industriais e orçamentos dispersos. O resultado é ineficiência crónica: múltiplos caças concorrentes, tanques nunca unificados, projetos que arrastam-se décadas. Não há uma indústria europeia integrada, apenas interesses nacionais que competem entre si.
O vazio estratégico
Enquanto discute "autonomia estratégica", a Europa corta orçamentos de defesa, hesita em missões internacionais e mostra incapacidade de projetar poder. Moscovo sabe disso. Pequim percebe isso. E Washington, cansado de financiar o guarda-chuva, cobra cada vez mais caro.
A ilusão do soft power
A Europa orgulha-se do seu soft power: direitos humanos, cultura, diplomacia. Mas sem hard power, o soft é apenas retórica. Um continente sem capacidade militar própria é refém de aliados e alvo de adversários. A paz que conhecemos assenta em empréstimo — e empréstimos vencem.
Conclusão
Defesa europeia? Fantasma, ainda. A realidade é uma dependência estrutural dos EUA, temperada com discursos de soberania que não resistem ao primeiro choque. Se a Europa quiser sobreviver como poder global, precisa de decidir: quer continuar cliente de segurança ou tornar-se produtora dela?