A Europa e a falta de coragem política

Energia e Dependência: A Fraqueza Vital da Europa
A Europa quis ser campeã da transição energética — mas esqueceu-se da soberania. O continente que já se orgulhou da sua indústria e inovação vive hoje dependente do gás americano e do lítio chinês. O resultado é uma fragilidade que Moscovo e Pequim exploram com precisão cirúrgica.
A ilusão da transição
A narrativa europeia vendeu uma transição verde rápida e exemplar. Mas sem matérias-primas próprias, sem indústria de semicondutores competitiva e com políticas energéticas inconsistentes, o que resta é uma ilusão dependente. Painéis solares chineses, turbinas eólicas com peças importadas, baterias asiáticas: a autonomia é um mito.
Do gás russo ao gás americano
Quando a Rússia fechou a torneira, a Europa não construiu alternativas próprias — apenas trocou de fornecedor. Saiu o gás russo barato, entrou o gás liquefeito americano caro. A dependência continua, o preço aumentou, a soberania diminuiu.
O lítio chinês
O futuro elétrico europeu assenta em baterias de lítio dominadas pela China. Mais de 80% da capacidade de refinação mundial está em território chinês. As fábricas europeias de automóveis já sentem o peso dessa dependência, enquanto Pequim usa o acesso ao lítio como arma geopolítica.
Uma fraqueza estratégica
A energia é a base de qualquer soberania. Sem ela, não há defesa, não há indústria, não há autonomia. Ao entregar o coração energético a fornecedores externos, a Europa expôs-se como fragilidade vital. Moscovo percebeu-o. Pequim capitaliza-o. Washington aproveita-o.
Conclusão
A Europa não precisa apenas de ser verde — precisa de ser livre. Sem investimento em autonomia energética e industrial, o continente será apenas um consumidor vulnerável. Entre a retórica da virtude e a realidade da dependência, a fragilidade está à vista de todos. O que falta é coragem política para enfrentá-la.