O Ocidente em queda

Putin confortável, China paciente: o Ocidente em erosão
No tabuleiro global, Donald Trump joga às cartas enquanto Putin move peças de xadrez. O presidente russo está confortável, a China paciente, e o Ocidente em lenta erosão. O que parece apenas ruído político em Washington é, na verdade, o som da confiança a desfazer-se no coração do sistema internacional.
Putin confortável na sua fortaleza
O Kremlin percebeu que o preço da guerra não é insuportável. As sanções multiplicam-se no papel mas encontram sempre fendas: energia que continua a fluir, países terceiros que servem de canal, aliados ocidentais divididos. Putin não precisa de pressa. O tempo, aliado ao desgaste europeu e ao ruído americano, joga a seu favor.
Trump: ruído em vez de estratégia
O presidente norte-americano ameaça, recua, contradiz-se. Proclama que encerraria a guerra em 24 horas, mas nunca revela como. A sua retórica pode incendiar audiências internas, mas para o mundo envia apenas uma mensagem: Washington já não é previsível. E na ausência de estratégia, adversários avançam.
China paciente, pragmática e calculista
Pequim não precisa de discursos inflamados. Xi Jinping pratica a política do bambu: dobra sem quebrar, aguarda o momento certo. Enquanto a Rússia desafia a ordem internacional, a China recolhe dividendos discretos — reforça rotas comerciais no Sul Global, amplia acordos em yuan e apresenta-se como mediadora confiável. O que os EUA abandonam em credibilidade, Pequim ocupa com pragmatismo.
O Ocidente em erosão
A Europa continua fragmentada, sem consenso sobre defesa e energia. Os EUA, sob liderança errática, desvalorizam alianças históricas. O resultado é uma erosão lenta mas visível: a ordem liberal perde autoridade moral, o dólar perde aura de inevitabilidade, e democracias perdem confiança em si próprias.
Consequências globais
O mundo resvala para um multipolarismo desordenado, em que cada potência age pelo seu interesse imediato. Democracias tornam-se mais frágeis, autocracias mais ousadas. O risco de conflitos regionais aumenta, e o colapso de normas partilhadas ameaça transformar a paz num intervalo cada vez mais curto entre crises.
Conclusão
Putin está confortável porque sabe que não será contido. A China é paciente porque sabe que o vazio se encarrega de abrir caminho. E o Ocidente? Está em erosão, vítima tanto das investidas externas como da incoerência interna. Resta saber se encontrará forças para se reinventar antes que a erosão se torne colapso irreversível.