A Tríade do Mal Extremo: Putin, Xi e Modi no Tabuleiro da Nova Ordem

Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen

Um mês é muito tempo na política global. O presidente russo, Vladimir Putin, reaparece em Pequim, desta vez não como vassalo de Xi Jinping, mas como parceiro de igual estatuto. Ao seu lado, o líder chinês Xi — paciente estratega — e Narendra Modi, primeiro-ministro indiano que se coloca como convidado inesperado nesta aliança de conveniência. Nasce assim a imagem de uma nova tríade: um triângulo de potências que se apresenta como alternativa à ordem liberal do Ocidente.

Putin ressuscitado

Após anos de sanções, isolamento e a guerra na Ucrânia, Putin emerge novamente como "estadista global". O simples facto de dialogar de igual para igual com Trump — o presidente do país mais rico e do maior exército do mundo — já representa uma vitória simbólica. É um triunfo de imagem, uma ressurreição diplomática, um golpe na narrativa de isolamento que o Ocidente tentou impor.

Xi, o mestre paciente

Xi Jinping joga como quem disputa uma partida de Go: silencioso, estratégico, paciente. A sua meta é simples: remodelar a ordem mundial em torno de uma Ásia que se apresenta não apenas como potência económica, mas como alternativa civilizacional. A presença de Modi ao seu lado é prova de que a sua influência se estende, mesmo em terrenos tradicionalmente ambíguos.

Modi, o pragmático

A Índia sempre oscilou entre Ocidente e Oriente. Ao sentar-se nesta mesa, Modi sinaliza ao mundo que quer ser reconhecido como potência independente, capaz de oscilar consoante as correntes do poder. Mas este pragmatismo pode ser lido como risco: alinhar-se, ainda que momentaneamente, com regimes autoritários.

Trump, o elo instável

No meio desta tríade, surge Donald Trump. Em vez de reforçar o bloco democrático, prefere abrir janelas de diálogo que legitimam os autocratas. É o elo instável, a peça que baralha o tabuleiro, transformando aquilo que deveria ser contenção numa oportunidade para os adversários do Ocidente exibirem força.


A Liga dos Autocratas

Estamos perante a formação de uma nova Santa Aliança, não de reis coroados, mas de autocratas modernos:

  • Putin, o sobrevivente ressuscitado pela guerra e pelo teatro diplomático.
  • Xi, o mestre paciente que molda o futuro como quem move pedras num jogo milenar.
  • Modi, o pragmático que ambiciona protagonismo entre titãs.

O Ocidente, dividido e hesitante, assiste. A democracia, ferida por dentro, já não se ergue como farol, mas como chama vacilante ao vento. O palco está montado: a Tríade do Mal Extremo surge como sombra que ameaça alongar-se sobre o século XXI.

A História poderá um dia escrever: não foi a força dos autocratas que venceu, foi a fraqueza dos democratas que se deixaram dividir.

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