Crónica · Fragmentos do Caos

Que grande é o poder d'enganar

Camões já o sabia: a arte velha do embuste, agora com luzes LED e telepontos.
Camões perplexo perante a farsa contemporânea

Antes do teleponto já havia teatro. No púlpito e na corte prometiam mundos; hoje, na gala e no prime-time, prometem reformas milagrosas. Mudaram-se os cenários, ficou o truque: persuadir o cansaço a tornar-se crença.

"Que grande é o poder d'enganar,
e como o povo fácil se persuade…"
— Luís de Camões

Eis a tragédia repetida com figurinos novos:

  • Ontem, reis navegavam nas naus da vaidade; hoje, ministros surfam nas marés do marketing.
  • Ontem, promessas gravadas em pergaminho; hoje, slogans gravados em LED e em pixels patrocinados.

O arsenal do engano modernizou-se: fake news correm mais depressa do que a verdade, influenciadores vendem ideologias como batidos detox, e orçamentos travestem folhas de Excel em esperanças de calendário.

O povo, cansado mas crédulo, aceita o doce envenenado: acredita, engole, esquece — e pede mais. Porque o espetáculo entretém; a exigência cansa.

Que grande é o poder d'enganar — maior, porém, o poder de quem se recusa a ser enganado. A pátria não precisa de novos truques, precisa de provas: transparência, serviço, consequência. Fama é vento; memória é pedra. E a pedra talha-se com verdade.

Sátira política da autoria de Aletheia Veritas in Fragmentos do Caos

Camões Crónica Sátira Portugal Aletheia Veritas
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