Abril prometeu-nos um país de gente livre, cabeça erguida e contas claras. Em 2025, muitos portugueses descobrem que a liberdade também se testa na forma como o Estado lhes cobra impostos: falhas o prazo e és recebido por um cobrador com timbre oficial. Paga já, ou paga com juros.

O juro de mora — 8,309% — cai como um ferrolho sobre orçamentos que já respiram por um canudo. O Estado atrasa reembolsos sem corar; o cidadão atrasa um mês e sente a mão pesada da máquina. A liberdade de Abril não pode ser um slogan colado numa landing page; tem de ser um pacto justo entre pessoas e instituições.

Democracia que não consegue tratar o contribuinte com dignidade transforma a fiscalidade num labirinto sem saídas — e Abril não foi feito para labirintos.

Como agir já (resumo prático)

• Prazo para pedir prestações: até 15 de setembro de 2025 (15 dias após 31 de agosto).
• Onde pedir: Portal das Finanças → Serviços → Planos Prestacionais → Simular/Registar Pedido.
• Juros de mora 2025: 8,309% (fixado por Aviso IGCP; contam desde o fim do prazo de pagamento até ao mês de cada prestação).
• Sem garantia: dívidas ≤ 5.000 € (pessoa singular) e até 12 prestações.
• Plano oficioso: se não pedires e a dívida ficar em cobrança voluntária até 5.000 €, a AT pode propor um plano automaticamente.

Dica: simula diferentes números de prestações para veres o impacto dos juros; evita arrastar para além de 12 meses se puder afetar o IRS do ano seguinte.

Política e equidade

Uma democracia amadurece quando a regra vale para ambos os lados. Se o Estado falha prazos, que pague também juros. Se o cidadão precisa de fôlego, que exista plano claro, simples e previsível — sem labirintos, sem letras miudinhas. Abril é isso: confiança recíproca.