O flagelo e o combate aos fogos em 2025

Entre o fogo e as nuvens: os milhões gastos no combate aéreo aos incêndios de 2025
O verão de 2025 ficará gravado como um dos mais duros da década. As chamas alastraram-se de norte a sul, tingindo o horizonte de cinza e obrigando o Estado a convocar, mais uma vez, cofres e céu para enfrentar um inimigo que regressa todos os anos com fúria renovada.
Os milhões que já voaram
Logo nos primeiros meses, o Governo avançou com contratos de emergência. A empresa Avincis recebeu 34 milhões de euros por serviços aéreos (helicópteros e aviões) já em 2025. A urgência ditou ainda a contratação direta de mais cinco helicópteros, um reforço que custou cerca de 3,7 milhões de euros. Somando apenas estas duas rubricas, o Estado desembolsou este ano mais de 37 milhões de euros para manter os céus ativos contra o fogo.
Promessas no horizonte
No final de 2024, foi aprovada uma verba global de 221 milhões de euros para reforço dos meios aéreos entre 2025 e 2028. Parte começa a materializar-se, mas a fatia maior será desdobrada nos próximos anos — e Portugal continua sem frota própria de aviões Canadair, mantendo uma dependência estrutural do aluguer.
Resultados no terreno
Enquanto os milhões voavam nos orçamentos, a floresta ardia. Até meados de agosto, tinham sido registados 5.211 incêndios, que consumiram quase 42 mil hectares — oito vezes mais do que em igual período de 2024, o pior registo desde 2022. Nos seis maiores fogos, mobilizaram-se 2.850 operacionais, 960 viaturas e 32 meios aéreos.
Asas europeias
A dimensão da crise levou à ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Chegaram aviões da Suécia, helicópteros da França, aeronaves da Grécia e equipas terrestres da Letónia e Malta, com apoio de mapeamento por satélite do Copernicus. O céu português, por dias, foi um mosaico europeu de solidariedade.
Um retrato sem filtros
No balanço, o país já gastou em 2025 mais de 37 milhões de euros efetivos em meios aéreos alugados, enquanto projeta centenas de milhões para reforço futuro. Os resultados práticos, porém, são amargos: a floresta ardeu como não ardia desde 2022, e a ausência de frota própria mantém-nos vulneráveis e dependentes.
Combatemos com coragem — homens, máquinas e contratos milionários — somados à cooperação europeia. Mas, apesar do esforço, o fogo levou a melhor em milhares de hectares. A pergunta é insistente: até quando responderemos com soluções temporárias, em vez de uma estratégia duradoura que nos dê asas próprias?
© Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen — Fragmentos do Caos
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